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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

Estado

Ceará

Cidade

São Gonçalo do Amarante

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

PLANTAS MEDICINAIS COMO ALTERNATIVA TERAPÊUTICA NO CAPS GERAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE – CE.

Apresentação/Introdução:

O trabalho trata-se de um relato de experiência sobre um projeto de intervenção desenvolvido por profissional residente de psicologia no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo II de São Gonçalo do Amarante-CE. A iniciativa fomentou a criação de um grupo terapêutico que envolveu usuários do serviço na construção e manutenção de uma horta comunitária de cultivo de plantas medicinais, tendo duração de seis meses. Não se resumindo ao canteiro, o projeto dedicou-se também em promover educação popular em saúde, com vistas no compartilhamento de saberes sobre plantas medicinais e no incentivo do uso destas ervas como via de cuidado em saúde mental, especialmente da perspectiva das práticas integrativas e complementares. Mesmo diante dos desafios materiais e logísticos, a iniciativa foi exitosa no sentido de fortalecer vínculos entre os usuários e no fortalecimento de alternativas de cuidado numa perspectiva criativa, humanizada e promotora de autonomia.

Objetivos

Promover o cultivo de plantas medicinais como atividade terapêutica coletiva a compor a estratégia de cuidados integrativos aos usuários do CAPS II de São Gonçalo do Amarante.

Metodologia

Os usuários foram mobilizados para o projeto a partir de encaminhamentos da equipe multiprofissional e de convites feitos em sala de espera. O perfil de participantes foi bem flexível, tendo um único critério de exclusão: pessoa em episódios de agitação psicomotora e/ou heteroagressividade, dado o risco de acidentes com os objetos usados na manutenção da horta. As reuniões aconteceram em periodicidade quinzenal, seguindo o padrão de como os grupos terapêuticos costumam se organizar no CAPS de SGA, ocorrendo no período de 15 de junho de 2022 a 20 de janeiro de 2023, sempre às sextas-feiras, no período da manhã e contabilizando 14 encontros. Esses encontros contemplaram momentos de capacitação sobre Farmácia Viva, planejamento horizontalizado, construção do canteiro, plantio e manutenção da hora, oficinas e momentos de relaxamento com práticas integrativas e complementares. Os usuários participaram ativamente de todas essas etapas, protagonizando do planejamento a materialização das atividades, com autonomia e protagonismo. Os encontros tiveram uma participação média de 6 pessoas.

Resultados

A implementação do projeto contou com desafios materiais, a falta de recursos específicos para as práticas coletivas é um desafio expressivo na realidade dos CAPS, essa adversidade foi enfrentada com criatividade e cooperação de usuários e profissionais que acreditavam na potencialidade da iniciativa. Um segundo desafio encontrado foi a da adesão, que está atravessada por aspectos materiais e também culturais, muitos usuários ainda não credibilizam a importância dos grupos no cuidado em saúde mental, além das dificuldades de acesso ao CAPS, seja por limitadores familiares, financeiros e de mobilidade urbana. Através dessa construção coletiva, pode-se assistir o fortalecimento da relação dos usuários com o equipamento, observar empenho, empoderamento e também construção de vínculos. Algo que marcou essa experiência foram as conversas que aconteciam nos momentos de rega coletiva e manutenção do canteiro, onde a cada encontro, os usuários iam se sentindo mais à vontade e compartilhando mais sobre suas biografias, seus processos de saúde-doença e sobre como estavam aplicando os conhecimentos compartilhados no grupo no autocuidado cotidiano. E é importante pontuar que a notoriedade que a experiência ganhou, não foi pelo seu caráter técnico prioritariamente, mas pela cooperação e pelo protagonismo dos usuários, que com certeza foi o aspecto primordial e exitoso dessa empreitada, configurando-se uma experiência inspiradora em âmbito municipal.

Conclusoes

Articular educação e saúde, saber popular e científico, técnica e criatividade, pode ser um caminho viável para seguir construindo uma atenção psicossocial com compromisso ético-político e emancipatório. No processo de reflexividade sobre as nossas práticas levanta-se a urgente questão: o que nos aprisiona (sujeitos e profissionais) nos consultórios? Assim como inquieta para a necessidade de uma atenção psicossocial que promova saúde mental coletiva de fato. Experiências assim ampliam a atuação da psicologia, uma profissão que tem como objeto a subjetividade humana, mas que não se resume às técnicas da psicoterapia individual. Inúmeras vezes que foi necessário mediar os interesses do grupo, observar as habilidades de cada sujeito e escutar as partilhas que emergiram durante o cuidado do canteiro e através dessas escutas ofertar os encaminhamentos e intervenções necessárias. Por fim, almejamos que experiências inovadoras e não ortodoxas como esta possam inspirar novos rumos da atenção psicossocial e apontar a necessidade de investimento no cuidado integrativo como braço do SUS, desde a formação de profissional, aos recursos financeiros específicos para estas finalidades.

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