Verifique as informações do projeto
inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

Voltar

Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 17 - Pequi

Modalidade

1

Temática

5

Estado

Ceará

Cidade

Ibicuitinga

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

JUDICIALIZAÇÃO, DISPENSAÇÃO DE INSUMOS, PROTOCOLOS DE CONCESSÃO.

Apresentação/Introdução:

A criação de protocolos para estabelecimento de critérios clínicos, que orientem a dispensação de insumos tem sido uma tendência no Sistema Único de Saúde, tendo em vista a necessidade de tornar a gestão dos processos de saúde mais eficiente. Em se tratando do acesso às fórmulas alimentares, é também salutar, que haja a integração entre a assistência prestada pela rede de Atenção Primária e Secundária, haja vista que é muito comum que os usuários demandantes destes insumos sejam oriundos da Atenção Especializada e somente requisitem o atendimento desta demanda, sem que sejam devidamente inseridos na Atenção Básica. É ainda premente a regulação do acesso a serviços e bens de saúde, particularmente no contexto municipal, no qual a demanda por insumos diversos tem se tornado crescente, impondo a criação de protocolos, fluxogramas e outras pactuações, que favoreçam a organização do Sistema Municipal de Saúde e evitem judicializações, as quais têm impactado, sobremaneira, os custos com a saúde, que, ressalte-se, já sofre há muito com a realidade do subfinanciamento. A partir de um levantamento realizado junto ao setor que acompanha as judicializações de saúde, constatou-se que estava comprometido parte considerável dos recursos, sem que houvesse uma programação financeira para tanto. Desse modo, o estabelecimento de protocolos contribui com a qualificação do atendimento das necessidades dos usuários, bem como gera o uso racional dos recursos destinados a esse fim.

Objetivos

OBJETIVO GERAL: Orientar a requisição, dispensação e controle dos insumos no âmbito do SUS em Ibicuitinga. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Estabelecer critérios clínicos e socioeconômicos para a concessão de insumos Garantir o acompanhamento clínico e nutricional dos usuários em uso de fórmulas alimentares industrializadas na rede de Atenção Primária à Saúde Definir uma metodologia de regulação e equidade na dispensação de insumos Otimizar os recursos destinados a aquisição de insumos de saúde

Metodologia

A primeira atividade consistiu na realização de um levantamento das demandas, que identificou as principais solicitações: fraldas descartáveis, medicações não inclusas na Assistência Farmacêutica e fórmulas para dietas específicas. Partiu-se para a fase de criação de protocolos de concessão específicos para cada insumo, por meio de revisão bibliográfica e documental. As minutas destes protocolos foram apresentados ao grupo gestor , que realizou os devidos ajustes. Posteriormente aconteceram reuniões com a Atenção Primária do município para que os profissionais pudessem colaborar efetivamente com o processo. Para legitimar tais protocolos, os mesmos foram apresentados ao Conselho Municipal de Saúde e aprovados por meio de Resolução. Ocorreu ainda a divulgação dos protocolos para os profissionais de saúde. Constitui-se uma comissão avaliadora, formada por assistente social, nutricionista, farmacêutico e médico, com as seguintes atribuições: o Serviço Social responsável por avaliar as condições socioeconômicas, o que favoreceu a triagem e prioridade de acesso quando da existência de pessoas com as mesmas condições de saúde, mas com perfis de renda diferenciados. Ao nutricionista coube reavaliar as demandas de dietas especiais e sugerir fórmulas mais baratas, mas com a capacidade de suprir as necessidades nutricionais. O farmacêutico responsável pela sugestão de medicações disponíveis no SUS e o médico com a competência de prescrever a medicação sugerida, se possível.

Resultados

O principal impacto da implantação dos protocolos foi a superação da dispensação indiscriminada dos insumos de saúde, que passaram a ser fornecidos mediante critérios técnicos e de forma racionalizada, garantindo não somente o princípio da universalidade, mas assegurando também que a concessão estivesse alinhada ao princípio da equidade. A centralização de todas as demandas na Comissão Técnica garantiu que fossem dados os encaminhamentos necessários, pois além de receber determinada fórmula dietética o usuário seria acompanhado pela equipe de ESF, especialmente pelo nutricionista, que a cada tempo reavaliaria a demanda e realizaria nova prescrição de dieta condizente com as necessidades atuais. Houve o estabelecimento de critérios de interrupção das concessões, relacionados à mudança de cidade, à superação da necessidade clínica salutar ao fornecimento de dieta/ fralda, medicação ou outros, além da mudança das condições socioeconômicas. A partir disso, ocorria a “alta” de algum usuário possibilitava que outro demandante cadastrado tivesse acesso. De modo a ilustrar a redução do índice de judicialização das demandas de saúde em Ibicuitinga, tomamos por base o triênio de 2020 a 2022, desde a implantação dos protocolos, em 2020, somente aconteceram 03 judicializações e apesar de neste período terem surgido 14 novas demandas extra-judiciais, elas foram acompanhadas com base nos critérios estabelecidos nos protocolos, possibilitando que a dispensação ocorresse de forma racional.

Conclusoes

Não há como materializar um Sistema de Saúde com acesso universal, desconsiderando o fato de que não se dispõe de financiamento adequado para tanto. É nesse contexto que ganha força um dos grandes entraves para a gestão do SUS: a judicialização das demandas de saúde. Certamente, não podemos ignorar o fato de que o SUS, como direito, deve ser assegurado e, muitas vezes, as dificuldades de acesso obrigam o cidadão usuário a fazê-lo por meio da judicialização, no entanto, esta experiência pelo fato de contribuir com a ineficiência do uso dos recursos destinados à saúde, deve ser uma exceção e não regra. Ocorre que o crescimento de demandas judiciais envolvendo o acesso à saúde tem aumentado consideravelmente e tem dentre as suas consequências, a retirada da autonomia do poder público, particularmente dos gestores locais, que se vêm pressionados a priorizar o atendimento destas demandas à revelia de critérios de acesso. Nessa perspectiva, percebeu-se que a organização do processo de concessão de insumos, com base na criação de protocolos, fluxo de atendimento e ampla divulgação da forma de acesso, com base no estabelecimento de critérios técnicos para a concessão acarretou impactos positivos para a gestão do SUS municipal.