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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

Estado

Ceará

Cidade

Tabuleiro do Norte

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

LINHA DE CUIDADO PARA CRIANÇAS NEUROATÍPICAS: UMA ABORDAGEM INTERSETORIAL

Apresentação/Introdução:

A linha de cuidado integral da saúde da criança tem como eixo estruturante o acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento biopsicossocial. A assistência baseia-se na promoção da saúde, prevenção, diagnóstico precoce, reabilitação e recuperação dos agravos à saúde. As crianças neuroatípicas apresentam demandas específicas, contínuas e muitas vezes de longa duração necessitando de respostas institucionais de diversos setores como saúde, assistência social, educação, esporte e cultura. O município de Tabuleiro do Norte-CE, se deparou com considerável número de crianças que apresentavam necessidades específicas, algumas contendo diagnóstico fechado e outras seguindo de investigação. Dentre os principais diagnósticos destacam-se (TEA, TDAH, TOD, Déficit intelectual, síndrome de down, paralisia cerebral, microcefalia, síndromes genéticas). Os relatos dos responsáveis familiares, profissionais, professores e a própria dificuldade de acesso em diversos níveis de atenção fomentou o que o município veio a chamar de: responsabilidade coletiva no cuidado. Esta experiência trouxe um novo olhar interventivo para demandas emergentes como: sobrecarga familiar e ausência de informações seguras sobre as necessidades e o desenvolvimento do (a) filho (a), falta de acesso a equipamentos e políticas públicas no geral, sobrecarga de trabalho de alguns equipamentos, dificuldade de acesso a tecnologias assistivas, terapias e acompanhamento pedagógico especializado.

Objetivos

• Caracterizar a linha de cuidado às crianças neuroatípicas do município de Tabuleiro do Norte-CE em uma perspectiva intersetorial • Descrever as principais necessidades socioassistenciais e de saúde apresentadas pelas crianças • Apresentar as ações intersetoriais desenvolvidas pela linha de cuidado • Mapear as condições de acesso, limites e possibilidades pós implementação da linha de cuidado.

Metodologia

A criação da linha de cuidado intersetorial destinada às crianças com necessidades especiais iniciou em 2017, tendo sua maior ênfase organizativa e estrutural no ano de 2021. As articulações intersetoriais tiveram como primeira ação estratégica a criação de um grupo de apoio e orientação para responsáveis familiares das crianças, que funciona com reuniões temáticas mensais que abordam diversos temas de saúde e sociopedagógicas (desafios de aprendizagem, convívio educacional, papel da escola e participação dos pais) privilegiando a troca de experiências e angústias entre respectivos responsáveis familiares. O presente estudo é descritivo e possui abordagem mista. Utiliza recurso municipal e financiamento estadual/federal de custeio dos equipamentos que compõem esta linha de cuidado, quais sejam: CRAS, CREAS, CESA, CENTRO DE REABILITAÇÃO, CAPS, NASF, UBS, NAPS e Escolas. Como recursos de comunicação intersetorial, estes equipamentos utilizam reuniões mensais e semestrais de acompanhamento/avaliação e planejamento. Outra ação estratégica tem sido desenvolvida semanalmente em formato de jogos lúdicos e atividade física com profissional especializado em uma areninha de esportes do município. Somado a isso, foi realizado o aumento da carga horária de profissional de fonoaudiologia, fisioterapia, Terapia ocupacional, psicólogas e contratação de um médico neuropediatra para fortalecimento do acompanhamento integral.

Resultados

Destaca-se três pontos essenciais que implicam diretamente nos resultados alcançados até a fase de implementação em vigor: 1. A elaboração de um diagnóstico situacional para este público. 2. A comunicação intra-redes, sendo necessário fortalecer instrumentos de planejamento - acompanhamento - monitoramento – avaliação. 3. As ações estratégicas ao mesmo passo que ampliam e qualificam o acesso, também modificam a configuração/organização das políticas públicas na direção de sua real consolidação enquanto agentes transformadores da realidade social. Atualmente, estão em acompanhamento direto 126 crianças. Este número em média é composto por 80% de meninos e 20% de meninas na faixa etária de 05 a 10 anos de idade. Desse número em média 95% encontra-se matriculado em escolas. Esses atendimentos se dão de maneira articulada (crianças atendidas pelo centro de reabilitação são referenciadas também para outros equipamentos de acompanhamento psicossocial e psicopedagógico ou vice versa). Pensando nesses desafios, atualmente os atores da linha de cuidado estão elaborando um prontuário único que será utilizado como ferramenta de acompanhamento intersetorial, na perspectiva de fortalecer esta abordagem de trabalho. Sobremaneira, como principais avanços pós-implementação destacamos: No campo organizacional observa-se estabelecimento de fluxo, melhoria na comunicação entre os equipamentos e direcionamento e melhor alcance do público alvo.

Conclusoes

Na realidade do município observa-se que o processo de criação e implementação contínua da linha de cuidado, a partir das ações estratégicas, fomentou além de uma expressiva mudança na qualidade do atendimento, um aprofundamento teórico-prático dos profissionais envolvidos com as demandas (dado os frequentes debates e processos de planejamento e avaliação propostos). Esse movimento dialoga com o que em linhas gerais é a proposta central desta iniciativa: qualificar e ampliar o acesso de crianças com necessidades especiais e seus responsáveis familiares às políticas, programas e equipamentos a partir de suas reais necessidades de saúde, socioassistenciais e pedagógicas. Reiteramos a agência de potencialidades e desafios da implementação da presente linha de cuidado, tendo a clareza de que estes movem o processo e àquelas o transforma. Dentro do escopo apresentado, a intersetorialidade assume um papel essencial enquanto diretriz estratégica para consolidação do SUS, já que como sinalizou Costa (2010) a efetivação do direito à saúde (enquanto direito social e de cidadania) extrapola o âmbito do sistema de saúde, tendo, portanto, caráter intersetorial indispensável.

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