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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

Estado

Bahia

Cidade

Una

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

FORTALECIMENTO DO GRUPO DE FAMILIA DOS USUÁRIOS DO CAPS EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19

Apresentação/Introdução:

A Atenção à Saúde Mental no Município de Una está organizada a partir do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Tipo I, serviço de base comunitária, constituído por equipe multiprofissional, cujo população alvo são pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais graves e persistentes e com necessidades decorrentes do uso nocivo de dependência de álcool e outras drogas, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. Sua proposta terapêutica é estruturada a partir de um Plano Terapêutico Singular (PTS) elaborado por equipe interdisciplinar, a qual deve manter constante diálogo e articulação com a APS para a oferta de cuidados, como atendimentos individuais, visitas domiciliares, atendimento à família, realização de oficinas e grupos terapêuticos e atividades comunitárias extra muro, sendo esses os principais recursos do serviço dentro do paradigma da desinstitucionalização. A pandemia da COVID-19 impôs medidas restritivas, que consistem no distanciamento social, uso obrigatório de máscaras em locais públicos e manutenção de hábitos de higiene pessoal. Observou-se que, durante o período de 2020 a 2022, os familiares dos usuários do serviço deixaram de frequentar o grupo de família, sugerindo que pandemia contribuiu para essa ausência. Frente a essa situação-problema, o CAPS de Una-BA implementou estratégias com o intuito de resgatar a participação desses importantes atores no processo de tratamento dos usuários acompanhados pelo serviço.

Objetivos

Objetivo Geral: Promover o resgate do grupo de família dos usuários do CAPS de Una-BA, após a dispersão imposta pela pandemia da COVID-19, fortalecendo os vínculos familiares. Objetivos específicos: inserir o grupo de família na grade de atividades do Projeto Terapêutico do CAPS identificar familiares com resistência em participar do grupo de família incentivar a comunicação entre os participantes, visando o fortalecimento de vínculos refletir a respeito dos desafios enfrentados diante das necessidades identificadas por meio ações educativas e busca ativa no curto, médio e longo prazo em tempoS de pandemia.

Metodologia

A equipe do CAPS realizou busca ativa na literatura de referência em diversos meios, construindo o arcabouço teórico-científico para a construção do plano operativo. A elaboração do plano deu-se em agosto de 2022, com apresentação à equipe multiprofissional do CAPS em setembro de 2022, para a sua validação, promovendo os ajustes necessários e definição das ações a serem desenvolvidas, recursos utilizados, atores responsáveis, metas e prazos. Para a captação das famílias, em setembro, a equipe elencou as famílias ausentes no serviço, priorizando os usuários em situação de maior vulnerabilidade, elegendo o número de vinte famílias. Realizado contato com as famílias mediante convite impresso entregue pelos usuários e/ou contato telefônico, solicitando a participação no grupo de família, esclarecendo sobre a sua finalidade. Em outubro iniciou-se o trabalho com o grupo de família, por meio de oficinas realizadas quinzenalmente, com dinâmica, palestras, rodas de conversa, mediadas por profissional de nível superior da equipe. No primeiro momento, realizou-se o levantamento das principais demandas familiares, buscando conhecimento sobre peculiaridades como crenças, valores, limitações, desafios enfrentados na pandemia da COVID-19, CAPS e família. Posteriormente, realizou-se a teorização com o resgate das falas do grupo. Buscou-se enfatizar a importância do comparecimento nas reuniões do grupo de família de forma contínua, possibilitando a consolidação do projeto terapêutico do CAPS.

Resultados

O trabalho desenvolvido possibilitou o resgate das famílias ausentes e sua reinserção no grupo de família dos usuários do CAPS, melhorando a interlocução com o serviço. O grupo de família se configurou como um importante espaço para esclarecimento de dúvidas, troca de informações e fortalecimento de vínculos dos participantes entre si e com a equipe. A metodologia utilizada para a captação das famílias ausentes no grupo mostrou-se satisfatória, com boa adesão dos participantes. O uso da metodologia participativa permitiu que seus integrantes se expressassem livremente, trazendo suas angústias, dúvidas e experiências, expondo a realidade vivenciada pelas famílias onde os usuários do CAPS estão inseridos, possibilitando a elaboração de estratégias com maior potencial resolutivo, trabalhando os aspectos do cotidiano. Observou-se a mudança no processo de trabalho da equipe no planejamento e elaboração de ações no Grupo de Família de forma contínua, sendo inserido no Projeto Terapêutico do CAPS, aumentando o fortalecimento de vínculos familiares além da prevenção das estratégias de promoção de saúde através da educação, equilibrando os sentimentos exagerados relacionados à COVID-19, como o medo, a angústia, a insônia, a irritabilidade, dentre outros, e assim, refletir no bem-estar de um grupo maior através de um cuidado humanizado e coerente oferecido como preconizado pela Reforma Psiquiátrica e pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

Conclusoes

Em virtude da pandemia da COVID-19, as ações estratégicas de promoção da saúde tiveram seu alcance presencial prejudicado, uma vez que, devido às regras de isolamento ou distanciamento social a quantidade de pessoas acompanhadas fisicamente foi expressamente afetada. Entretanto, observa-se que a mesma pandemia que limita o indivíduo pode ser vista como uma oportunidade de interiorização e busca por alternativas para o enfrentamento das dificuldades vivenciadas. A família é um aporte para todas as pessoas, e com as pessoas com transtornos mentais não seria diferente. Por outro lado, os familiares são pessoas que também necessitam de atendimento especializado, pois os próprios usuários experienciam um sofrimento psíquico, fazendo com que as pessoas que convivem com eles e que percebem todos os sintomas e situações de risco pelos quais eles passam realizem alterações nas suas atividades sociais por se dedicar ao cuidado do usuário. Portanto, deve-se considerar a família como ator social indispensável para a efetividade da assistência entendida como um grupo com grande potencial de acolhimento e ressocialização de seus integrantes.