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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 14 - Bandeira

Modalidade

1

Temática

Estado

Bahia

Cidade

Vitória da Conquista

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Apresentação/Introdução:

As doenças cardiovasculares são a principal causa de os óbitos no Brasil e a hipertensão é responsável por 50% delas. A medida da pressão arterial (PA) é o principal parâmetro para as decisões clínicas de diagnóstico e acompanhamento da hipertensão, no entanto, as medidas de consultório podem apresentar alterações e levar a condutas clínicas inadequadas. E, é nesse contexto, que a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA) se apresenta como uma tecnologia acessível e efetiva para produzir dados objetivos e seguros para otimizar o tratamento da hipertensão, pois 20% das pessoas que vivem com hipertensão apresentam efeito do jaleco branco (EAB) em consultório. Com base nisso, o município realizou um estudo transversal, tendo como cenário a rede de Atenção Primária à Saúde (APS), para identificar se essa alteração era comum na nossa população e os resultados mostraram que o percentual de EAB não diferiu das evidências científicas, além de aferir uma diferença de 10,1 mmHg na pressão da MRPA quando comparadas as de consultórios. Deste modo, o município buscou alternativas para inserir a MRPA na rotina de monitoramento dos idosos com hipertensão e as farmácias públicas são um ambiente propício para monitorar as pessoas que recebem medicamentos mensalmente pelo SUS e podem ser atendidas por farmacêuticos clínicos, que trazem um potencial para contribuir com as decisões clínicas para melhorar o controle da hipertensão.

Objetivos

Descrever a efetividade da MRPA associada ao atendimento farmacêutico, para otimizar o tratamento da hipertensão em idosos na APS, a partir da experiência do município Demonstrar que o uso da tecnologia pode apoiar a desprescrição de anti-hipertensivos em idosos com hipotensão, com ou sem sintomas clínicos Incentivar as gestões municipais, com amparo nas evidencias científicas sobre a efetividade da tecnologia, a inserir a MRPA na rede para qualificar o cuidado aos usuários com hipertensão.

Metodologia

Para apoiar a inclusão da MRPA como ferramenta no monitoramento de usuários com hipertensão na rede de APS, realizamos um ensaio clínico, 322 idosos com hipertensão, que foram randomizados em dois grupos: no controle, o indivíduo idoso com hipertensão recebeu um medidor digital de pressão arterial (PA) e instruções sobre como realizar a MRPA e após realizar o procedimento, o médico de família recebeu um relatório com os valores da PA para decidir sobre alterações no tratamento. Já no grupo intervenção, o participante também realizou a MRPA e o farmacêutico enviou ao médico de família sugestões para otimização do tratamento, além do relatório com os valores da PA. Em ambos os grupos foram realizadas medidas da PA em consultório. Os participantes foram acompanhados por 45 dias e foi avaliada a proporção de participantes com desprescrição de anti-hipertensivos assim como a diferença na PA média entre os grupos em domicílio. Os aparelhos utilizados foram fornecidos através de parceria com a Universidade Federal da Bahia. Para melhorar a acurácia da medida de PA da residência, o município desenvolveu, junto com a empresa fornecedora dos equipamentos, um software que é capaz de resgatar os dados do aparelho, por meio de conexão usb e essas medidas geram gráficos e tabelas com média da PA durante o protocolo, divididas em média do turno da manhã, média da tarde e média geral. Esses valores são utilizados para tomada de decisão clínica e ajustes da farmacoterapia anti-hipertensiva.

Resultados

Foram alocados 161 participantes em cada grupo. A PA Sistólica medida em consultório foi maior que a residencial em ambos os grupos, com uma diferença média de 4,59 mmHg. Após 45 dias da intervenção, houve desprescrição de anti-hipertensivos em 31 (19,3%) dos participantes do grupo intervenção versus 11 (6,8%) do grupo controle (p=0,01) e as médias da PA Sistólica de consultório e da MRPA Sistólica foram menores no grupo intervenção (p-valor=0,22 e 0,29, respectivamente). Além disso, outros 40 (25%) idosos do grupo intervenção controlaram a pressão arterial versus 23 (14,3%) do grupo controle (p-valor= 0,03). Estes resultados, aliado aos estudos de custo-efetividade, encorajaram a gestão municipal a investir na aquisição de mais equipamentos para inclusão da tecnologia como ferramenta para monitoramento da PA em usuários hipertensos. Além disso, também foi criada comissão para construção de um protocolo municipal de cuidado a usuários com doenças cardiovasculares atendidos na rede municipal de APS, envolvendo a participação da equipe multiprofissional. Atualmente, o município dispõe de 40 aparelhos para MRPA, que estão disponíveis em duas farmácias públicas inseridas na rede de APS e contam com a atuação de farmacêuticos clínicos que fazem atendimento, orientação do usuário para o procedimento, avaliação dos dados da PA da MRPA e encaminhamento de sugestões à equipe de saúde da APS assistente do usuário, para tomada de decisões clínicas apoiadas em resultados mais fidedigno

Conclusoes

A MRPA associada a um protocolo de manejo da farmacoterapia anti-hipertensiva liderada por farmacêuticos, para colaborar com médicos de família nas decisões clínicas sobre tratamento da hipertensão em idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde se mostrou efetivo para reduzir a pressão arterial sistólica. Além disso, contribuiu na promoção de mudanças na farmacoterapia anti-hipertensiva (desprescrição), com o objetivo de garantir a efetividade e a segurança destes medicamentos. A inclusão da MRPA como ação estratégica de monitoramento de indivíduos com hipertensão atendidos pela rede de APS e a interlocução com as farmácias da rede, com participação de farmacêuticos, tem fomentado a ação multiprofissional no cuidado as doenças crônicas. Os resultados dessa experiência foi vencedora de um edital sobre controle de doenças crônicas, sendo premiada em primeiro lugar e receberá recurso para fomentar a implantação da ferramenta em outros dois municípios baianos de pequeno porte. Deste modo, a experiência em execução demonstra que a inserção desta tecnologia pode auxiliar os municípios a qualificar o atendimento dos usuários com hipertensão na rede municipal de saúde.

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