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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

Estado

Pará

Cidade

Rurópolis

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

O RENASCIMENTO E A RESSIGNIFICAÇÃO DO PARTO EM UM MUNICÍPIO RURAL REMOTO DA AMAZÔNIA PARAENSE.

Apresentação/Introdução:

A fragilidade da rede de atenção em saúde da mulher tem sido um grande desafio para Amazônia e, especialmente, para o Estado do Pará. Infelizmente os equipamentos em saúde, a disponibilidade de especialistas, rotatividade de profissionais, a fragilidade na formação e na qualificação são fatores contribuintes para altos índices de mortalidade materna, fetal e neonatal na região oeste do Pará. O parto é a representação máxima do amor materno e esse momento deveria ser acompanhado por memórias positivas e significativas. Porém, a permanência de práticas inadequadas, sem evidências científicas, e a violência obstétrica que geram sentimentos de medo e preocupação em relação ao parto. Em Rurópolis, até 2019, as gestantes em trabalho de parto, em abortamento e com intercorrências clínicas eram internadas em uma mesma enfermaria coletiva de 30 m2. Não havia espaço para berços, poltronas ou ambiência que permitissem a presença do companheiro. Quando a fase de dilatação cervical concluía, as mulheres eram levadas às pressas para sala de parto, localizada há mais de 8 metros. Não havia liberdade de posição e nem equipamentos adequados para assistência à mãe e ao neonato. Diante dessa urgente necessidade em saúde, a gestão municipal definiu como prioridade a reestruturação do contexto do nascer e a qualificação dos profissionais para atuar junto à saúde materna.

Objetivos

Objetivo Geral: - Transformar o contexto do parto e nascimento na cidade de Rurópolis, Pará. Objetivo Específico: - Promover ambiência para o parto humanizado e com boas práticas no Hospital Municipal de Rurópolis. - Adquirir equipamentos e materiais necessários à adequada assistência no pré-parto, parto e puerpério. - Qualificar os profissionais para atenção à saúde no pré-natal, pré-parto, parto e pós-parto.

Metodologia

Relato de experiência da execução de um plano de intervenção na rede de atenção em saúde da mulher, em Rurópolis, Pará, seguindo as diretrizes do Programa Rede Cegonha, instituido pela Portaria 1.459, de 24 de Julho de 2011, e a partir das necessidades e realidades locais. O processo ocorreu em 03 fases: levantamento das necessidades em saúde da mulher, educação permanente em saúde e reestruturação da ala obstétrica. Na primeira fase, as prioridades em saúde da mulher foram elencadas a partir da I Conferência de Saúde da Mulher e da VII Conferencia Municipal de Saúde, ocorridas em 2017, e do Plano Municipal de Saúde 2018-2021, elaborado em 2017. Na segunda fase, foi executado um cronograma de Educação Permanente em Saúde, envolvendo profissionais da atenção primária em saúde (APS) e da atenção hospitalar (AH), com oficinas, aulas teóricas e práticas. Na terceira fase, a gestão municipal buscou fontes de financiamento para tal projeto, porém só conseguiu recurso federal para aquisição de equipamentos. Diante disso, foi decidido pela construção de uma Maternidade Municipal de Rurópolis (MMR) com uso de recursos próprios, utilizando a execução direta como forma de redução dos custos da obra, que foi iniciada em agosto de 2018. A MMR foi inaugurada em 12 de fevereiro de 2019.

Resultados

A Educação Permanente em Saúde voltada para saúde da mulher e da criança iniciou antes da obra da MMR e atualmente é fortalecida pelas atividades do Grupo Condutor Municipal de Saúde Materna e Infantil. Na infraestrutura, foram adquiridos 83 equipamentos e foi construída a MMR com área de 318,63 m2, 26 cômodos, entre eles: clínica obstétrica (03 leitos), alojamento conjunto (04 leitos), 02 quartos pré parto, parto e pós parto (PPP) de risco habitual (banheira com água quente e hidromassagem) e 01 quarto PPP de alto risco. A equipe é composta por 26 profissionais, entre eles: 03 enfermeiras obstetrizes, 01 médico Obstetra e ginecologista e 01 médica Pediatra, Neonatologista e ultrassonografista. Hoje, as mulheres são internadas no quarto PPP, com acompanhante de sua escolha, com acesso métodos não farmacológicos de alívio da dor, liberdade de posição e ainda podem ter o parto na água. Elas são assistidas pela enfermagem em todo trabalho de parto, com partograma e, se necessário, cardiotocografia, amnioscopia e ultrassonografia intraparto. Algumas recebem placentografias. Desde a inauguração, ocorreram 747 partos vaginais e 755 partos cesarianos de mulheres residentes em Rurópolis, constatando-se incremento importante de cesarianas durante a pandemia. As mulheres que já tiveram filhos em outro contexto hospitalar, relatam uma mudança significativa. Com a nova ambiência e qualificação, o contexto de violência deu lugar à humanização no nascer.

Conclusoes

A Amazônia é um território onde não há somente vazios assistenciais, mas grandes vazios populacionais e grandes distâncias que dificultam o acesso equânime aos serviços de saúde. Essas barreiras podem determinar longos itinerários em busca de assistência em saúde e pode ser a diferença entre o viver e morrer, ainda mais quando se trata de duas vidas, como no binômio mãe e filho. Portanto, iniciativas locais para reestruturação dos serviços e qualificação da assistência, com boas práticas e respeito à usuária, devem ser potencializadas e podem transformar a realidade em saúde da mulher, rompendo com a cultura da violência. Para tanto, é necessário ouvir os atores sociais, os trabalhadores e promover a sinergia de ações com a gestão municipal na busca da superação de antigos problemas no Sistema Único de Saúde. A experiência do município de Rurópolis mostra que, mesmo com todos os desafios e dificuldades, é possível transformar o contexto de parir e nascer em cenários longíquos e que as maternidades devem ser espaço de vida, acolhimento e respeito.

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