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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 17 - Pequi

Modalidade

1

Temática

Estado

Pará

Cidade

Abaetetuba

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

OFICINA PAPO CABEÇA: PREVENÇÃO DO SUICIDIO E DA AUTOMUTILAÇÃO NAS ESCOLAS DE ABAETETUBA

Apresentação/Introdução:

Colocar luz sobre um tema tão complexo, que faz com que adolescentes se mutilem ou desistam de viver é de fundamental importância. As causas do suicídio e da automutilação são multifatoriais, não tendo uma causa única ou isolada, porém, o que se sabe é que estão ligados a um dor dilacerante, a um sofrimento psíquico intenso. O suicídio é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um ato deliberado, intencional, de causar a morte a si mesmo. O suicídio está entre as cinco principais causas de suicídio na faixa etária dos 15-19 anos, é cercado pelo desconhecimento, preconceito, medo, incômodo e condenação, o que leva ao silêncio a respeito. É necessário mudar essa visão, despertar e estimular a atuação de pessoas de maneira intersetorial na sua prevenção. Muitos adolescentes passam mais tempo na escola do que com a própria família, e no ambiente familiar geralmente existem problemas que podem estar causando sofrimento psíquico, dessa forma a escola pode ser o único ou o mais significativo ambiente social que o acolhe e dá refúgio. A aproximação dos serviços de saúde mental nas escolas é fundamental, e se mostra eficaz na facilitação do acesso aos serviços de saúde, diminuição do estigma e promoção e manutenção dos tratamentos. O reconhecimento dos fatores de risco para o suicídio e sua identificação pelos profissionais da escola se constitui em um passo importantíssimo na sua prevenção, e na busca de um canal de contato com os adolescentes.

Objetivos

Implantar um plano de ação para o enfrentamento do risco de suicídio e automutilação em adolescentes Capacitar os coordenadores das escolas estaduais do Município de Abaetetuba em prevenção ao suicídio e risco de automutilação na adolescência, para serem multiplicadores na escola Realizar rodas de conversa nas escolas com os adolescentes visando refletir sobre as dificuldades da adolescência Dialogar com os adolescentes sobre como lidam com os desafios que encontram em seu dia a dia e sobre o uso nocivo da internet Escutar os adolescentes e encorajar os jovens a pedir ajuda Apresentar conceitos sobre depressão, automutilação e suicídio Informar onde encontrar cuidado na Rede de Atenção psicossocial do município, Divulgar nomes e locais de funcionamento dos serviços especializados e de apoio a saúde mental.

Metodologia

O público-alvo foram os alunos do 1° ano do ensino médio, adolescentes na faixa etária entre 14 e 17 anos, do turno matutino e vespertino. A metodologia aplicada se deu a partir da elaboração de um plano de ação para o enfrentamento do risco de suicídio e automutilação em adolescentes, que envolveu técnicos das secretarias de assistência social, educação, cultura, saúde, líderes religiosos, Conselho da criança e do adolescente, Conselho tutelar, Lideranças comunitárias, lideranças da população LGBT e Afro. Foi elaborado um cronograma de atividades, visando atingir todas as escolas estaduais do município. As atividades foram organizadas a partir do contato com a direção das instituições escolares e após algumas reuniões técnicas para organização das ações. Foi realizada primeiramente a capacitação dos coordenadores escolares envolvidos no projeto, solicitando que multiplicassem o conhecimento adquirido com outros profissionais da escola que não puderam estar presentes, em especial os professores. Quanto as ações com os adolescentes, foi criado um cronograma para realização das rodas de conversa, onde especialistas do CAPS 2 e CAPS AD realizavam as rodas de acordo com a disponibilidade da escola, falavam sobre saúde mental e os demais assuntos elencados no plano, tiravam dúvidas e realizaram a divulgação dos serviços do município voltados para saúde mental, apresentando as redes de apoio para o encaminhamento destes e escutando a demanda dos adolescentes.

Resultados

Foi realizada reunião ampliada com a participação de vários seguimentos ligados Rede de proteção da criança e do adolescente com o objetivo de montagem do plano de ação. Após a montagem do plano de ação, foram realizadas 3 capacitações para os coordenadores das escolas (1 sobre identificação de sinais e sintomas, 1 sobre formas de abordagem ao adolescente com risco de suicídio e de automutilação, 1 sobre realização da notificação compulsória), visto que é necessário seguir a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (Lei 13.819, de 2019), onde hospitais e escolas terão de notificar casos de automutilação e tentativas de suicídios. Nas escolas, seguindo o cronograma de ações, foram realizadas as rodas de conversa em 12 escolas estaduais, com a participação de 539 alunos, no período da manhã, e de 311 alunos no período da tarde. 32 alunos buscaram encaminhamentos no final das rodas e foram acolhidos no CAPS 2, CAPS AD e Centro de Referência Brincando de Miriti, os demais alunos tiveram o esclarecimento de onde buscar atendimento e acesso aos cuidados de saúde mental na atenção básica. Foram realizados 7 encaminhamentos para CREAS. O resultado principal foi a manutenção do projeto para 2023 e a criação de um comitê intersetorial de prevenção ao suicídio e automutilação. Foi importante verificar a capilaridade das informações entre os adolescentes e intervir de modo eficaz e interseterialmente nas escolas.

Conclusoes

O suicídio e a automutilação são considerados graves problemas de saúde pública. Falar sobre temas multifacetados como este não é uma tarefa fácil, portanto, não existe uma única maneira para tratar o tema. Sabe-se que fatores sociais, psicológicos e biológicos fazem parte da complexidade que envolve. Infelizmente, não é uma temática que tenha a divulgação e seja debatido de forma efetiva, para além das campanhas, ainda é um assunto extremamente estigmatizado e os tabus prejudicam a discussão e a conscientização da população, em especial a adolescente. Contamos ainda com as dificuldades das pessoas que sofrem em buscar ajuda, falta de conhecimento e de atenção dos profissionais de saúde e de educação sobre o tema e a ideia equivocada de que o suicídio não é frequente. Tudo isso impede que sejam tomadas medidas de prevenção efetivas, abordar essa temática em um projeto e de forma responsável, propiciou abertura de diálogo nas escolas, trazendo o tema para o debate e reflexão, já é um passo importante para a prevenção. A continuidade deste projeto será essencial para que se continue prevenindo que mais adolescentes entrem em sofrimento psíquico sem acesso a um acolhimento e cuidado adequado nos espaços de atenção à à saúde mental.

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