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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 1 - Lago dos Tigres

Modalidade

1

Temática

Estado

Rio Grande do Norte

Cidade

Natal

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

ATUAÇÃO DAS DOULAS EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE NATAL: TECNOLOGIA LEVE NA HUMANIZAÇÃO DO PARTO

Apresentação/Introdução:

Desde os primórdios da humanidade, mulheres dão a luz a seus filhos, sendo o parto um evento fisiológico e natural. Apesar disso, o parto e nascimento vêm sendo tratados como um evento biomédico, cercado de procedimentos que tornam a mulher alheia ao processo. A inserção de técnicas para realização do parto, apoiadas exclusivamente no amplo aparato tecnológico disponível, gera expressivo número de intervenções desnecessárias para mães e bebês, sendo que, na maioria dos casos, o uso de muitas delas, não contam com o adequado embasamento científico quanto à sua eficácia e segurança. Estudos têm apontado para a necessidade de resgatar uma assistência que valorize o caráter natural do parto e do nascimento aliado a incorporação dos avanços técnicos-científicos para proporcionar uma assistência que valorize o caráter natural do parto e do nascimento, para a mulher e ao recém nascido. Dentro desta perspectiva, surge a DOULA, como uma figura capaz de ajudar mulheres e pessoas grávidas em seu ciclo gravídico-puerperal, promovendo segurança nos desfechos obstétricos e neonatais, além do amparo físico e emocional nas diferentes fases do parto. Desde 2018, o município de Natal dispõe de dispositivo legal (Lei Municipal nº 542/18) que assegura, às parturientes, o direito a presença de doulas durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato, nas maternidades públicas e privadas, sem que haja prejuízo da lei do acompanhante.

Objetivos

Compreender a atuação das doulas, enquanto tecnologia leve, para o incentivo da humanização do parto e do nascimento nas maternidades públicas de Natal. Relatar as impressões dos profissionais e das puérperas sobre a atuação das doulas no âmbito das maternidades públicas municipais. Fornecer elementos para a elaboração de políticas públicas de atenção obstétrica que institucionalizem práticas assistenciais comprometidas com a humanização do parto e do nascimento, a partir das atuação das doulas.

Metodologia

A experiência se deu nas dependências de uma maternidade pública administrada pela Secretaria de Saúde de Natal e que é referência para três, dos cinco distritos sanitários existentes no município. O presente trabalho utilizou-se de abordagem qualitativa, do tipo exploratório e descritivo, levantando os documentos norteadores (portarias ministeriais da Rede Cegonha e Manuais Técnicos) que fundamentam as práticas de humanização do parto e do nascimento e a implantação do cadastro das doulas nas dependências desta maternidade. O componente empírico da experiência foi coletado no período de outubro a dezembro de 2022, por meio de questões norteadoras visando explorar as impressões de dois grupos de depoentes, dos quais, seis profissionais de sala de parto e cinco puérperas (que vivenciaram a experiência do parto ao lado de uma doula com as quais se vincularam ainda durante o pré-natal). A construção de tais fatores levou em consideração o número reduzido de mulheres que são acompanhadas por doulas e o desconhecimento sobre a atribuição das mesmas por uma parte considerável dos profissionais da saúde. Cabe destacar que nem todos os profissionais abordados se sentiram a vontade para contribuir. A ambos os grupos foi perguntado, “Como você avalia a atuação da doula aqui na maternidade?” "Você considera que as práticas desta maternidade são humanizadas?" e permitido que falassem livremente sobre as suas impressões.

Resultados

A análise das orientações, contidas nos documentos norteadores, confirma que houve uma resistência inicial, tanto sobre as propostas de mudanças que estimulavam práticas assistenciais menos intervencionistas, quanto sobre a inserção das doulas no cenário do parto, ainda que ambas as iniciativas estivessem à luz das evidências científicas. No entanto, a existência de espaços de gestão colegiada somados a força das leis criadas a partir da organização dos movimentos sociais de mulheres em favor da humanização do parto, fomentaram, desde a adequação da ambiência, com a criação de suítes de pré-parto, parto e pós-parto, até a institucionalização do cadastro das doulas. Os discursos a seguir revelam algumas percepções que corroboram com o acima descrito: “Busquei a ajuda de uma doula porque eu queria viver uma experiência de parto positiva e me proteger dos maus tratos que vemos por aí” “Tive medo de parir na maternidade sem uma pessoa que me apoiasse de verdade no desejo de ter um parto humanizado” “Conhecemos as normas da humanização mas é difícil colocar em prática. São muitos atendimentos e poucos profissionais treinados para acompanhar um parto fisiológico. Isso não é ensinado na universidade. A doula tem mais preparo para lidar com o natural” “Acho que a doula é uma boa ajuda quando ela não interfere na conduta do obstetra"

Conclusoes

O suporte físico e emocional proporcionado por uma doula é seguro e produz resultados psicossociais e obstétricos importantes. A assistência humanizada privilegia tecnologias simples, baratas e que podem ser utilizadas em qualquer ambiente, seja ele hospitalar ou não. É preferível que estas tecnologias não sejam invasivas e nem produzam sequelas. O grande trunfo da atuação das doulas está resguardado no seu modo de produzir cuidado, contribuindo para reduzir as intervenções desnecessárias, o uso excessivo de medicações, e realização indiscriminada de partos operatórios. A presente experiência mostra a necessidade de ampliar a compreensão sobre os lugares que a doula ocupa ou pode vir a ocupar e como ela desempenha o seu papel nas instituições que assistem a mulher durante o ciclo gravídico puerperal. Com base neste entendimento, temos elementos suficientes para auxiliar na promoção e efetivação dos aspectos que atravessam as Políticas Públicas de humanização do pré-natal, parto e puerpério e que devem atuar em consonância com os princípios e diretrizes do SUS.