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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 7 - Serra dos Pirineus

Modalidade

1

Temática

6

Estado

Paraná

Cidade

Maringá

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: CUIDADO ÀS PESSOAS QUE VIVEM E HABITAM ÀS RUAS, MARINGÁ -PR

Apresentação/Introdução:

O cuidado integral, longitudinal e equitativo às pessoas que vivem e habitam às ruas é um desafio que radicaliza os princípios do SUS e suas políticas públicas de saúde. Em 2010 teve início, em Maringá, o trabalho do Consultório de Rua que, em 2014, foi incorporado à Atenção Primária à Saúde (APS) e passou a ser denominado Consultório na Rua, com objetivo de garantiar o vínculo dessas pessoas na APS e demais pontos de atenção da rede de saúde e assistência social. Composta por enfermeira, técnica de enfermagem , psicóloga, assistente social, motorista e, desde 2018, médico de família e comunidade, a equipe de Cosultório na Rua (eCR), desde sua implementação, tem se apropriado de diferentes Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como ferramentas de cuidado. As PICS utilizadas pela eCnR nos últimos 12 meses foram fitoterapia, acupuntura, auriculoterapia, terapia comunitária integrativa e massagem ayurvédica. A fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formulações, sem dessas extrair o composto ativo isolado. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais lista 12 fitoterápicos a serem ofertados pela rede pública. A acupuntura é uma técnica terapêutica que consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo para estimular a circulação de energia e promover o equilíbrio físico e emocional. A Terapia Comunitária Integrativa consiste em uma modalidade de abordagem psicossocial de grupo.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do uso das PICS no cuidado de pessoas que vivem e habitam às ruas, destacando aspectos relativas a implementação, desafios e potencialidades.

Metodologia

O uso de fitoterápicos se dá de forma padronizada, distribuídos pela assistência farmacêutica do município, contando com extrato seco de Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia), extrato seco de Valeriana (Valeriana officinalis), gel de Arnica (Solidago microglossa), extrato seco de Isoflavona (Glycine max), xarope de Guaco (Mikania glomerata), gel de Própolis, gel de Calêndula (Calendula officinalis) e gel de Papaína (Carica papaya), creme hidratante de Aloe vera com Óleo de Girassol. Prescritos tanto pelo médico quanto pela enfermeira, tem boa aceitação pelas pessoas em situação de rua e se mostram de grande valia no cuidado, pois são opções terapêutica para as queixas mais prevalentes nessa população como lesões dermatológicas, epigastralgia, queixas respiratórias e questões de saúde mental. A acupuntura é aplicada por iniciativa do médico, especialista na área. A Secretaria Municipal de Saúde fornece os insumos necessários como as agulhas de acupuntura. A auriculoterapia, por sua vez, é de domínio do médico e da enfermeira, que realizaram sua formação no âmbito do SUS. Mesmo que tenham recebido incentivo do município para a formação em auriculoterapia, os insumos utilizados são adquiridos pelos próprios profissionais da equipe. A acupuntura e a auriculoterapia são aplicadas principalmente para a queixa de dor, reduzindo a necessidade de prescrição de anti-inflamatórios.

Resultados

No período entre março de 2022 e março de 2023 a eCR de Maringá realizou 881 atendimentos, sendo que estes foram realizados majoritariamente em ruas e praças, assim como em serviços de assistência social e outros pontos da rede de saúde municipal. A fitoterapia foi a PICS mais utilizada, com dispensação de apoximadamente 30 frascos de creme ou pamada fitoterápica ao mês para a realização de curativos, cuidado de lesões de pele e alívio da dor. A acupuntura foi registrada como procedimento em 46 atendimentos e, conforme relato de prontuários, a queixa mais comum para que foi indicada foi dor osteomuscular. Em revisão de prontuários, constata-se que ¼ dos paciente aboradados com dor e que receberam acpuntura não necessitaram da prescrição de anti-inflamatórios. Pela ausência de um tópico específico no prontuário eletrónico para registro da auriculoterapia, não foi possível contabiliza-la para esse trabalho, mesmo com o relato de equipe de tê-la utilizado. Em decorrência das medidas de contingência para o COVID-19, as atividades em grupo ou que necessitariam um contato mais prolongado entre o profissional de saúde e o paciente foram pouco realizadas no período, sendo que foi feita uma única roda de Terapia Comunitária Integrativa e duas sessões de massagem ayurvédica no período.

Conclusoes

O uso das PICS no cuidado às pessoas que vivem e habitam às ruas se mostra como uma potente ferramenta de assistência, integrada ao modelo biopsicossocial de cuidado, aos serviços de assistência social e às demais políticas públicas de saúde. Além de criar um ambiente terapêutico, as PICS auxiliam as pessoas a se sentirem mais conectadas consigo mesmas e com a comunidade em que estão inseridas. Os terapias em grupo, como a Terapia Comunitária Integrativa, são particularmente úteis nesse sentido. É constatada pela equipe de saúde boa aderência dos usuários às PICS que, além de resolutividade frentes às queixas mais comuns nos serviços de APS, auxiliam na aderência ao plano terapêutico proposto e no vínculo dos usuários à equipe. Constatou-se uma redução importante na necessidade de prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios para manejo da dor musculoesquelética com a incorporação da acupuntura. Por fim, as PICS também são ferramentas de cuidado que compartilham com o usuário a responsabilidade pelo cuidado, estimulando a prática do autocuidado e a autonomia, indispensável no contexto de cuidado de populações vulnerabilizadas.