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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 6 - Parque das Emas

Modalidade

1

Temática

1

Estado

Mato Grosso do Sul

Cidade

Campo Grande

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

OFICINA PARA ADOLESCENTES: UMA EXPERIÊNCIA COM GRUPO OPERATIVO NA USF DR. EMÍLIO GARBELOTI NETO

Apresentação/Introdução:

O presente trabalho relata a experiência de equipes da USF Tarumã com a realização de um grupo operativo intitulado "Oficina para adolescentes", que surgiu da necessidade local de apoio a adolescentes em situações de vulnerabilidade social e sofrimento mental. Nesse contexto, o serviço social da USF, em 2022, em meio às incertezas deixadas pela pandemia da COVID-10, vinha recebendo encaminhamentos de escolas localizadas no território de referência bem como identificando casos na própria unidade que apontavam para o que vem sendo relatado na literatura - o aumento do sofrimento psíquico em adolescentes. Dentre os sinais e sintomas, que apontavam para tal sofrimento, estavam: tristeza, tédio, solidão, medo, automutilação, ideação suicida, além da associação com vários casos de violência doméstica, aumentados na pandemia. A partir dessa necessidade comunitária identificada e apresentada como demanda a ser atendida pelas equipes da unidade, e, ainda, considerando que a psicóloga do NASF estava em final de contrato, sem sinalização de recontratação, a solução encontrada foi a criação de um grupo operativo, com a presença da psicóloga até quando possível e que a equipe pudesse tocar até a data necessária. Assim, uniram-se psicóloga e educadora física do NASF assistente social, médica, odontólogas e auxiliares de saúde bucal da unidade, para organizar o grupo operativo e suas atividades, que aconteceram de junho a dezembro de 2022, na USF Tarumã.

Objetivos

GERAL Apoiar grupo de adolescentes local na promoção da saúde mental e protagonismo nas suas próprias vidas. ESPECÍFICOS Como objetivos específicos do grupo operativo "Oficina de Adolescentes", foram estabelecidos os seguintes: . Trabalhar a consciência emocional dos adolescentes do grupo . Apresentar aos adolescentes o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), discutindo seus direitos enquanto cidadãos . Compartilhar sentimentos, medos, dúvidas e angústias em relação à depressão/ansiedade e às suas famílias e vulnerabilidades . Discutir diferentes temas de interesse demandados pelos próprios adolescentes . Oferecer ferramentas de resolução de conflitos e de mudanças comportamento e atitudes frente ao sofrimento mental e às vulnerabilidades sociais enfrentados Promover o encontro e o fortalecimento de vínculos entre esses adolescentes.

Metodologia

A organização da "Oficina para Adolescentes" baseou-se nas teoria dos grupos operativos e da terapia de grupo. Procuramos tirar do centro os estigmas da doença mental, assistência curativa e medicamentosa, buscando dar sentidos para o sofrimento mental e ampliar as relações sociais dos participantes, provocando o protagonismo de suas próprias vidas. Foram organizados, inicialmente, em junho cinco encontros semanais, e, a partir da prorrogação da contratação da psicóloga, optou-se por encontros quinzenais, na Unidade de Saúde, com duração de uma hora e meia, passível de prorrogação. As atividades seguiram demandas estabelecidas pelos adolescentes e guiadas também pelas questões da psicologia do adolescente, procurando tratar de temas como: família, saúde mental na pandemia, ansiedade e depressão, atividades físicas, sexualidade, saúde da mulher, diversidade de gênero, violência física e psicológica, emprego e profissões, dentre outros. Cabe destacar que exercitamos a intersetorialidade no processo, ao fazer trocas com as escolas (Secretaria Municipal de Educação -SEMED) bem como com o convite de representante da Secretaria Municipal da Juventude (SEJUV) para o tema emprego e profissões. Foram realizados dezoito encontros, dezessete deles na unidade, e o último, no Parque das Nações Indígenas, parque urbano na cidade. Para este dia, organizamos atividades físicas, relaxamento e reflexão sobre o processo e as mudanças operadas ('dinâmica 'kit de sobrevivência").

Resultados

Ao longo dos dezoito encontros, os dez adolescentes, que iniciaram as atividades, foram estabelecendo vínculos com os membros responsáveis pelo grupo e entre si, e foram ficando mais à vontade para compartilhar suas "dores" e experiências, compreendendo que não estavam sós, tanto por se identificarem com relatos de colegas, quanto por se sentirem apoiados pela equipe. A cada atividade, apesar da oscilação de presença de alguns membros e o abandono de uma adolescente, fomos vendo a mudança interna e também externa dessas oito meninas e um menino, que foram aprendendo mais sobre si mesmos, sobre a vida, sobre sonhos, sobre dores também, contribuindo para o desenvolvimento psicológico e emocional desses adolescentes. Pode-se afirmar que mudança, que é o objetivo principal de todo grupo operativo, foi alcançada nessa experiência, considerando que tanto os adolescentes quanto nós trabalhadores, vivenciamos mudanças no processo, a partir das reflexões, da escuta qualificada, dos vínculos formados. O grupo foi lugar de conversa e produção de conhecimento que transformou a todos nós, mostrando-se como potente oportunidade de cuidado a diferentes grupos na Saúde da Família.

Conclusoes

A atividade realizada no encerramento - o passeio no Parque das Nações - foi motivo de muito empenho da equipe e de alegria para as cinco adolescentes presentes, já que boa parte delas não conhecia o parque. Foi um momento de diversão, lazer, compartilhamento de experiências e de autoavaliação, reconhecendo seu avanço na compreensão de suas realidades e na sua capacidade de superação de dificuldades, que sempre existirão na vida. Vimos falas de meninas fortalecidas, mais sabedoras de si mesmas, como se víssemos borboletas saindo de seus casulos. Por outro lado, vimos também certo receio com o fim do grupo, sendo que as desafiamos a continuar se apoiando, independente do grupo, inclusive, podendo participar eventualmente como "apoiadoras" em determinadas situações de formação de novos grupos. Enquanto equipe, experimentamos a potencialidade do cuidado em saúde mental interprofissional, e não saímos iguais deste processo. Apesar das dificuldades, tanto em atender demandas geradas pelas oficinas (compra de materiais, lanches, brindes para sorteio, transporte), quanto em ter reconhecimento da importância dessas atividades por outros membros da equipe, mudanças foram operadas na vida dessas adolescentes e famílias no momento oportuno.

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