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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 3 - Serra Dourada

Modalidade

1

Temática

1

Estado

Mato Grosso do Sul

Cidade

Maracaju

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

BEM CRESCER – INTERVENÇÃO PRECOCE COM BEBÊS DE 0 A 18 MESES.

Apresentação/Introdução:

Quando detemos nossa escuta e olhar nas práticas vigentes de saúde mental com a infância, observamos que recai sobre os bebês e pequenas crianças em sofrimento psíquico uma grave exclusão que opera por falta de visibilidade. Diante de um acompanhamento do desenvolvimento centrado em fatores orgânicos, nem sempre os pais tem lugar para serem escutados em seu mal-estar com o bebê. Os bebês, por sua vez, já estando em sofrimento e risco, são deixados à espera, por um olhar que está muito mais formado para detectar doença do que para promover saúde. Mantêm-se, assim, uma invisibilidade desse sofrimento até que seu recrudescimento faça comparecer manifestações do bebê que possam ser catalogáveis dentro da nosografia vigente, passando-se, então, a considerá-las como funções “transtornadas”. Aí sim, somente assim, se produz uma indicação para tratamento. Nesse sentido, o Programa Bem Crescer, propõe a detecção dos sinais de risco para o desenvolvimento infantil, a partir do acompanhamento na puericultura em todas as Unidades da Rede Pública de Saúde (ESF e UBS), de todos os bebês de 0 a 18 meses com instrumento de avaliação proposto a partir da Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil. Também, uma equipe multidisciplinar, formando o Núcleo do Programa Bem Crescer, realiza o acompanhamento das gestantes de risco em grupos de escuta e orientação bem como dos bebês em risco de sofrimento psíquico em conjunto com sua família.

Objetivos

Objetivo geral: Detectar a tempo os sinais de risco para o desenvolvimento infantil. Objetivos específicos: Promover políticas públicas de prevenção no campo da saúde mental na primeira infância. Intervir precocemente para minimizar o impacto epidemiológico dos transtornos psíquicos na primeira infância. Oferecer espaço de escuta para a família dos bebês em sofrimento psíquico e orientá-los quanto à intervenção a tempo.

Metodologia

Os profissionais da rede pública foram inicialmente capacitados para utilização do instrumento de avaliação proposto a partir da Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI). Foram capacitados mais de 140 profissionais entre Agentes Comunitários de Saúde e técnicos que nas consultas de acompanhamento na Puericultura, realizam a avaliação da presença e/ou ausência de sinais de risco de cada bebê. Todos os bebês que, ao nascerem se enquadram como risco intermediário ou alto risco, a partir da estratificação realizada ainda no hospital, bem como, aqueles nascidos de gestação de risco intermediário ou alto risco, acompanhadas pelo Programa Bem Crescer (em parceria com o Governo do Estado) e aqueles que nas consultas de puericultura apresentarem sinais de risco a partir da ausência dos indicadores do desenvolvimento infantil propostos pelo IRDI, são acompanhados pela equipe das Unidades da Rede Pública de Saúde (ESF e UBS) bem como pelo Núcleo do Programa Bem Crescer, composto por psicóloga, nutricionista, profissional de educação física e fisioterapeuta (credenciada). Também no Núcleo do Programa Bem Crescer em parceria com o Programa Bem Nascer são realizados os grupos de escuta e orientação para as gestantes e risco.

Resultados

Os grupos com as gestantes garantem a atenção especializada à gestante e ao bebê, permitem acompanhar os riscos psíquicos já na gestação e na relação mãe bebê e objetivam escutar e acolher os mal-estares produzidos na relação pais-bebês para que eles não se cristalizem como uma dificuldade que venha a fazer obstáculo à estruturação de um bebê. A capacitação dos profissionais se mostrou profícua tendo em vista que a formação acadêmica contempla apenas aspectos da maturação e crescimento do bebê e não de sua estruturação psíquica. Sendo assim, tais profissionais nunca tinham tido informações sobre os impactos dessa estruturação no desfecho clínico dos bebês em risco. As políticas nacionais de saúde já contemplam diferentes níveis de prevenção na primeira infância, como, por exemplo, vacinação, aleitamento materno e acompanhamento do desenvolvimento, mas por falta de conhecimento, os aspectos sobre a estruturação psíquica e o sofrimento dos bebês não são considerados. Em termos de saúde mental infantil, não faltam conhecimentos para avançarmos na direção de políticas públicas mais preventivas. A experiência da detecção e da estimulação precoce possibilitaram formular indicadores clínicos para acompanhar a estruturação psíquica de um bebê, bem como detectar as dificuldades que possam surgir nesse processo. Destaca-se que a junção dos Programas Bem Nascer e o Programa Bem Crescer deram origem à Rede de Cuidado Materno Infantil de Maracaju, acompanhando mais de 720 bebês por ano.

Conclusoes

Em uma era em que as pandemias virais produzem uma quebra no funcionamento das cadeias de produtividade econômica e nas quais as epidemias de doença mental atingem as crianças cada vez mais cedo na vida, é preciso considerar que essas patologias da comunidade não são simples consequências de fenômenos naturais ou de transtornos orgânicos individuais, como tantas vezes se afirma em prol de uma desresponsabilização social. Por trás desses acontecimentos, há políticas públicas de saúde que não investem o tanto quanto deveriam na prevenção. Ao esperar o recrudescimento patológico para detectar e intervir, se põe a perder um tempo precioso no qual teria sido possível intervir a tempo, o antes possível para favorecer a estruturação, minimizando os dados, em lugar de condenar bebês em risco psíquico à invisibilidade e depois precipitar sobre eles fechamentos diagnósticos patologizantes. Assim, os efeitos de transformação nas famílias e os resultados produzidos ao longo da direção dos acompanhamentos em intervenção precoce, sustentado em equipe inter e transdisciplinar nos permitem confirmar que a intervenção precoce pode mudar o destino de crianças. O Programa Bem Crescer, aposta que não há investimento maior e melhor do que prevenção.

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