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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 14 - Bandeira

Modalidade

1

Temática

Estado

Espírito Santo

Cidade

Marataízes

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA PAZ EM UM MUNICÍPIO DO ESPÍRITO SANTO

Apresentação/Introdução:

APRESENTAÇÃO: A violência é um fenômeno multideterminado e complexo que historicamente se perpetua nas grandes desigualdades sociais, dada a invisibilidade de seus determinantes. Considerada um problema social e de segurança, a violência está associada à saúde pública por afetar a qualidade de vida das pessoas pelas lesões físicas, psíquicas, morais e espirituais geradas e pelas exigências de atenção e cuidado do serviço de saúde. Destarte, em 2001 o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, responsabilizando-se pela assistência, reabilitação, promoção à saúde, prevenção e vigilância. Dentre as iniciativas, em 2004, a intituição dos Núcleos de Prevenção da Violência e Promoção da Paz (NUPREVI) foi assertiva quanto a execução de ações e estratégias entre a rede de atenção à saúde e a rede intersetorial. Em 2011, a violência foi inserida na Lista de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória devendo ser realizada por todo profissional de saúde. Esta é uma ferramenta eficaz que traz à luz as pessoas em situação de violência. Nesse contexto, o Espírito Santo, de forma inovadora, incluiu por meio da Lei 11.147/2020 e da Portaria 72-R/2022 a obrigatoriedade da notificação da violência nas escolas, assistência social e conselho tutelar. Isto posto, objetiva-se descrever a implantação do NUPREVI no município de Marataízes-ES, pois a intersetorialidade é fundamental para o enfrentamento da violência e promoção.

Objetivos

Descrever a experiência de implantação do Núcleo de Prevenção da Violência e Promoção da Paz (NUPREVI-Marataízes) no município de Marataízes, Região Sul de Saúde do Espírito Santo, em 2022.

Metodologia

Relato de experiência da implantação do NUPREVI realizada pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com as Secretarias Municipais de Educação e Assistência Social, Habitação e Trabalho em Marataízes-ES no ano de 2022. A Vigilância Epidemiológica (VE), provocada pelo Ministério Público sobre a existência de um fluxo de atendimento às crianças e adolescentes em situação de violência, desvelou a fragmentação entre os serviços de saúde e a sua desarticulação com a rede intersetorial (Educação, Assistência Social, Segurança Pública, Conselho Tutelar e Sociedade Civil Organizada) assumindo o direcionamento das ações: Identificou potenciais pares na rede de atenção à saúde (RAS) e na rede intersetorial (RI) Realizou capacitações e estudo da temática Descreveu o perfil epidemiológico das violências dos últimos três anos Realizou diagnóstico situacional dos serviços da RAS quanto ao atendimento à pessoa em situação de violência Realizou reuniões com os pares da RAS e RI sobre o perfil epidemiológico das violências, fluxo das notificações, diagnóstico situacional e criação do NUPREVI Elaborou minuta de decreto para criação do NUPREVI Promoveu reunião com os gestores das Secretarias e discutiu a importância do trabalho intersetorial e proposta de criação do NUPREVI Definiu cronograma de reuniões do NUPREVI Discutiu a criação de uma Câmara Técnica na Saúde e realização de seminário Realizou cadastramento e treinamento dos profissionais da RAS e da RI no e-SUS/VS.

Resultados

Primeiro município do ES a instituir o NUPREVI por meio do Decreto-N Nº 3.029/2022, seus membros pelo Decreto-N Nº 3.030/2022, a Câmara Técnica da Vigilância das Violências e Acidentes (CT-VIVA) e seus integrantes pela Portaria Nº 383/2022 Formação da equipe da VIVA para qualificação do e-SUS/VS e inserção de atendimento psicológico na VE Cadastrados e treinados para notificação no e-SUS/VS: 85% das escolas municipais e estaduais, CREAS e CRAS, 40% do conselho tutelar e 100% da RAS Foi observado aumento de 160% das notificações de violência realizadas no período de 2020 (106) a 2022 (170). Das 170 notificações, predominaram mulheres (80%), pretas e pardas (52,4%), adolescentes jovens (19,5%) e maior expressividade entre 10 a 24 anos (43,5%), com menos de 8 anos de estudo, estudantes (22,4%) e donas de casa (10%). Os tipos de violência mais frequentes foram: tentativas de suicídio e lesões autoprovocadas (45%) física (35%) e sexual (15%). Nos últimos quatro meses de 2022 foram identificadas novas fontes notificadoras: Casa Rosa, Centro Municipal de Saúde Mental, Conselho Tutelar, Escolas Municipais e Estaduais Realização do I Seminário “O SUS na rede de enfrentamento à violência” em parceria com a SESA Participaram toda a RAS, Rede de ensino municipal, estadual e privada, CRAS, CREAS, Conselho Tutelar, Ministério Público, Guarda Municipal, Polícia Civil e Militar, Conselho Municipal de Saúde, sociedade civil organizada e outros municípios, totalizando 280 pessoas.

Conclusoes

Marataízes foi o primeiro município do ES a implantar e institucionalizar o Núcleo de Prevenção da Violência e Promoção da Paz. Isto significou um importante avanço para o desenvolvimento da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências que, no auge dos 21 anos de sua promulgação, ainda é um processo recente. O NUPREVI-Marataízes tem potencial de inovação pela atuação intersetorial, integrada, articulada e em conjunto com políticas públicas que visam as ações de prevenção, promoção da saúde e cultura de paz, bem como, fortalecimento dos princípios do SUS. Entretanto, ainda são desafios a ampliação da capacidade da notificação, vigilância, análise dos dados de violência e qualificação da base de dados. Ainda, a organização da rede de atenção à saúde, da rede intersetorial às pessoas em situação de violência e sustentabilidade das ações. Portanto, é urgente o posicionamento, a definição de prioridades e a formulação de intervenções, já que o enfrentamento à violência passa necessariamente pela redução das desigualdades sociais. Nas palavras de Nelson Mandela, "Devemos fazer frente às raízes da violência. Só assim transformaremos o legado do século passado, de lastro oneroso em experiência ensinada".