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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

Estado

Minas Gerais

Cidade

Contagem

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA: FERRAMENTA PARA MUDANÇA NOS ATOS DE SAÚDE E NAS PESSOAS

Apresentação/Introdução:

A Comunicação Não Violenta (CNV) se propõe a desenvolver a empatia e a assertividade nos âmbitos intrapessoal, interpessoal e coletivo. Sua prática propicia o autocuidado e o cuidado mútuo, desenvolve habilidades de manejo do estresse, resiliência pessoal e coletiva, cultura de diálogo e gestão de conflitos, a partir da escuta e do entendimento recíprocos. Com o objetivo de prevenir a violência e promover uma cultura de paz, saúde e bem estar, foi desenvolvido o programa de aprendizado prático da CNV: "Novas Tecnologias em Prevenção à Violência e Promoção da Cultura de Paz no Sistema Único de Saúde (SUS)". Este programa é voltado a profissionais de diferentes categorias e diferentes pontos da rede de atenção à saúde do município de Contagem (MG), com o propósito de trazer este conhecimento para a realidade cotidiana do ambiente de trabalho, na relação com seus colegas e com usuários do SUS. Os Distritos Nacional e Ressaca, do município de Contagem, optaram pela multiplicação da metodologia em algumas Unidades Básicas de Saúde, a fim de promover mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde e nos profissionais. Estes apresentam um aumento do processo de adoecimento biopsicossocial no período pós pandemia, com consequente fragilidade relacional, devido à sobrecarga do trabalho no contexto pandêmico e às crises de identidade das equipes de saúde, em sua atuação, na retomada dos processos de trabalho no cenário pós-covid.

Objetivos

Objetivo geral:Desenvolver uma metodologia prática de comunicação para apoiar a mediação de conflitos, manejo do estresse, gestão das emoções e uma comunicação mais compassiva entre usuários, trabalhadores e gestores para fortalecimento de espaços de cogestão. Objetivos específicos: Desenvolver habilidades de linguagem e comunicação empática, como tecnologia leve, para a construção de processos de trabalho com foco nas relações humanas Sustentar espaços de diálogos para uma gestão centrada em pessoas Promover a atuação profissional com a abordagem centrada na pessoa, favorecendo a clínica ampliada Favorecer o desenvolvimento das equipes e o trabalho interprofissional Desenvolver senso de comunidade com foco em corresponsabilidade Contribuir para integração e satisfação do profissional no seu ambiente de trabalho, favorecendo a resiliência relacional e a redução do adoecimento físico e psíquico Formar multiplicadores para compartilhar práticas de empatia nos locais de trabalho.

Metodologia

Foi ofertado um treinamento introdutório à Comunicação Não Violenta (ICNV)para 100 (cem) profissionais de saúde de diferentes categorias, entre março e junho de 2022. O programa foi dividido em quatro etapas: Introdução à CNV e Laboratório de Prática, Laboratório Criativo e Laboratório de Multiplicação de Empatia. Nesta última, foram realizadas três oficinas para grupos de 5 a 30 pessoas, com práticas simples e eficientes de empatia, voltadas ao autocuidado e ao cuidado mútuo, e à resiliência pessoal e coletiva. O treinamento privilegiou o uso de metodologias ativas, problematizadoras, utilização do saber prévio dos participantes e da realidade cotidiana de cada um e dos problemas na comunicação vivenciados, gerando uma aprendizagem significativa. Estavam presentes durante as atividades o uso de feedback e práticas baseadas nos princípios da andragogia. Cada oficina trouxe a prática da empatia em um dos seguintes âmbitos: intrapessoal, interpessoal e coletivo, fortalecendo a inteligência emocional e uma linguagem focada em sentimentos e necessidades, além de habilidades de autorregulação e corregulação do sistema nervoso. O Distrito Nacional e do Ressaca, do município de Contagem, estão reproduzindo essas oficinas com os servidores das Unidades Básicas de Saúde a fim de desenvolver processos com comunicação compassiva, que favoreçam a sustentação de pactuações e tomada de decisões com vista para uma clínica ampliada.

Resultados

Os depoimentos dos profissionais indicaram que nos ambientes de trabalho foi perceptível o impacto em termos de abertura para o diálogo e redução dos níveis de conflito. O relato dos profissionais de mudanças na comunicação com os pares, usuários do serviço e na vida pessoal foi frequente. Referem aumento do autoconhecimento, da consciência sobre si e da autocompaixão mais facilidade para escutar sem julgamento e compreender o outro em seu contexto de vida, com atenção às suas necessidades. Alguns relataram que as habilidades adquiridas com o curso estavam sendo de grande ajuda para administrar o cuidado de usuários em situações complexas, em que o tensionamento com os mesmos, suas famílias e com a equipe de saúde era maior. Os médicos e enfermeiros relataram uma reflexão e mudança na atitude prescritiva das consultas, com um maior acolhimento e empatia com o usuário, no sentido de criar uma relação colaborativa e promotora de autonomia, ressignificando o trabalho profissional. Relataram que o curso de ICNV proporcionou um incentivo para a prática do auto empatia, autorreflexão, redução da culpabilização e estímulo a busca de mais clareza na comunicação (saber nomear sentimentos, necessidades e propor ações mais condizentes com a necessidade de todos). Gestores relatam que uso da estratégia tem favorecido a pactuação de processos de trabalho, aproximação da equipe gestora aos servidores e reconhecimento do grupo enquanto equipe.

Conclusoes

A CNV se constitui em habilidades socioemocionais e interpessoais de baixo custo e alta eficiência. Através da prática empática há um favorecimento, nos profissionais, da formação de competências na esfera cultural, intersubjetiva, afetiva, ética e terapêutica, que constroem e possibilitam a abordagem centrada na pessoa, promovendo a clínica ampliada no cuidado em saúde. A utilização da comunicação compassiva permite a aproximação dos profissionais das necessidades de atenção do usuário e promoção de um cuidado emancipador em saúde. Como resultado deste processo, há um fomento da construção e mediação da autonomia, do cuidado coparticipativo em saúde e da promoção de mudanças comportamentais conscientes no usuário, contribuindo para adesão à terapêutica, prevenção à violência e promoção de uma cultura de paz, saúde e bem-estar humano. “A forma é simples, e profundamente transformadora, pois o foco da CNV não está na mudança das pessoas e de seu comportamento para conseguir o que se quer, mas sim, em estabelecer relacionamentos baseados em honestidade e empatia, que acabarão atendendo as necessidades de todos”, diz Marshall Rosenberg. Este é um investimento urgente e necessário ao cotidiano dos serviços de saúde.

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