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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 15 - Mascarado

Modalidade

1

Temática

1

Estado

São Paulo

Cidade

Franco da Rocha

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

COSTURANDO AS DORES: O REENCONTRO NAS OFICINAS EM TEMPOS DE PANDEMIA.

Apresentação/Introdução:

Toda a tensão, falta de informação e as constantes perdas durante a Pandemia do COVID 19 impactou na saúde mental de todos causando pânico no nível mundial e desencadeando sentimentos de medo, insegurança e angústia, transtorno de ansiedade, depressão, síndrome de Burnout, entre outros. O Centro de Convivência (CeCo) compõe a rede de saúde mental, sendo uma das estratégias para a Reforma Psiquiátrica. É um espaço de socialização e desenvolvimento das potencialidades de seus usuários, realiza atividades terapêuticas e físicas, visando estimular autonomia, autocuidado, inclusão social, entre outros. Durante o isolamento social, em atendimento com as mães dos usuários, observou-se grande sofrimento e lutos constantes, principalmente pela perda de familiares e de outras mães da Oficina de Fuxico, decorrente da COVID- 19. Havia um sofrimento solitário, sem uma rede de apoio. Verbalizavam desejo de estarem novamente juntas em grupo. Estudos mostram que trabalhos manuais podem evitar transtornos cognitivos leves, favorecendo o relaxamento psicomotor e auxiliam no combate do estresse e da depressão, aumentando a sensação de bem-estar e relaxamento. Para atingir o foco do nosso trabalho é necessário um olhar diferenciado para a família, com um espaço acolhedor, de suporte e apoio, trabalhando o fortalecimento da figura protetiva e de vínculos familiares. Esse estudo analisa as estratégias abordadas pela Oficineira de Costura para a retomada dos grupos de mães no CeCo.

Objetivos

Proporcionar um espaço de acolhimento, escuta e trocas, com foco no fortalecimento do grupo de mães, visando a elaboração dos diversos lutos vivenciados durante o período de pandemia, construindo um espaço que contribua para o bem-estar emocional e para a promoção da saúde mental. Como objetivo secundário, por meio da aprendizagem de técnicas de corte e costura, promover o desenvolvimento de habilidades motoras finas, da criatividade, da autoconfiança, autoestima e possibilidades de fonte de renda extra, uma vez que a inserção no mercado de trabalho formal se torna impossível diante da necessidade de cuidados que o filho (pessoa com deficiência) demanda.

Metodologia

Este relato destaca a experiência vivenciada no CeCo na retomada dos atendimentos presenciais de mães de usuários no período de pandemia de COVID-19 e a inserção da oficineira de Costura – Fuxico, Patchwork e Patch Aplique. Com a vacinação as medidas de segurança ficaram mais flexíveis, viabilizando nossas atividades em grupo. Em dezembro de 2021 foram realizadas reuniões com a equipe para definir as estratégias de ações para a retomada das oficinas que ocorreram em janeiro do ano seguinte. Inicialmente houve uma reunião para orientar as mães sobre as ações e regras para a prevenção do COVID-19. As oficinas eram semanais com duração de 1 (uma) hora, com grupos reduzidos de até 6 pessoas, onde foi trabalhado: técnicas de costura à mão e máquina, moldes, corte e criação de peças : Flores de tecido em Fuxico para decoração, peso de porta em Fuxico com feltro, camisetas e panos de prato com Patch Aplique, bolsas em Patchwork. Essas mães chegaram para as atividades fragilizadas emocionalmente, com medos decorrentes da pandemia e, ao mesmo tempo, alegres por terem um local de acolhimento e trocas em um período tão difícil, além da retomada do convívio com as colegas com quem se identificavam e dividiam realidade parecidas. Nesses encontros incentivamos o diálogo, a troca de experiências, discussões sobre a pandemia, sobre as perdas, os medos, os lutos, sempre com a equipe técnica à disposição para suporte à oficineira e às mães quando necessário, inclusive suporte psicológico.

Resultados

Após 1 ano da retomada das oficinas com as mães, observamos maior entrosamento entre elas, melhor elaboração dos lutos, diminuição de sintomas de ansiedade e depressão, valorização dos momentos que estão juntas, melhora da autoestima, além de algumas já utilizarem o aprendizado para uma fonte de renda extra.

Conclusoes

Mesmo em meio aos medos, riscos e incertezas causados pela pandemia da COVID-19, conseguimos adesão do grupo ao projeto, demonstrando interesse e participação. Sabemos que a deficiência por si já é um fator que causa isolamento social, não somente para pessoa com deficiência, mas para seu cuidador que, na maioria das vezes, são as mães. Com a pandemia o isolamento social e suas consequências foram intensificados e agravados, causando maior solidão e sentimento de desamparo a essas mulheres. Além de um equipamento de atendimento a pessoa com deficiência intelectual, o Centro de Convivência de Franco da Rocha é um espaço de acolhimento, escuta, apoio, suporte emocional para essas mães que vivenciam solitariamente os desafios dos cuidados e da luta pela garantia de direitos de seus filhos, mesmo com todas as a diversidades de um período pandêmico.

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