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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 15 - Mascarado

Modalidade

1

Temática

1

Estado

São Paulo

Cidade

Santo André

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL LGBTQIAPN+ EM CUIDADO NO TERRITÓRIO AFETIVO DE SANTO ANDRÉ

Apresentação/Introdução:

A Saúde Mental na Infância-Adolescência no Brasil ainda se apresenta como desafio, visto que as Políticas Públicas e incentivos financeiros têm sido insuficientes no cuidado desse público. Em Santo André, o CAPS IJ é referência p/ crianças-adolescentes que apresentam intenso sofrimento psíquico, incluindo o uso de substâncias psicoativas. Composto por uma equipe multidisciplinar, tendo como diretriz o Modelo de Atenção Psicossocial de base territorial e comunitária. Em 2018, devido à necessidade de uma resposta municipal p/ acompanhamento de crianças-adolescentes c/ variabilidade de gênero, a Área Técnica de Prevenção do Progr. de Agravos Crônicos Transmissíveis inicia uma aproximação c/ o CAPS IJ p/ promover estratégias de cuidado à estes. A partir do compartilhamento de experiências das 2 áreas, marcadas por atenderem uma população socialmente excluída e estigmatizada, se inicia um processo de trabalho compartilhado, dividido em 3 espaços terapêuticos: Grupo “DiVeraCidade”, Sarau + Di Versos e Grupo de Família das crianças-adolescentes LGBTQIAPN+. A experiência promove o aprimoramento dos profissionais p/ reconhecerem sofrimentos mentais relacionados à identidade de gênero, proporciona escuta e acolhimento às famílias das que modificam às concepções c/ os filhos. Os usuários expressam novos sentimentos sobre suas identidades e desejos, saindo do campo da patologia e entrando no social, que se reconhece em suas singularidades, fortalecendo seus processos de autonomia da vida

Objetivos

Os profissionais do CAPS IJ e da Área Técnica de Prevenção do Programa de Agravos Crônicos Transmissíveis atentos em garantir às pessoas adolescentes LGBTQIAPN+ espaços para expressão de sua identidade de gênero e orientação sexual, tiveram como propositura romper com processos de adoecimento e prevenir o aprofundamento de crises e sofrimentos psíquicos vivenciados por LGBTQIAPNfobia.

Metodologia

O CAPS IJ e a Área Técnica de Prevenção do Programa de Agravos Crônicos Transmissíveis percorreram alguns passos p/ construção deste projeto. Nos momentos iniciais, são realizados espaços de estudos e discussões sobre identidade de gênero e diversidade sexual com os trabalhadores. Com as crianças e adolescentes, encontros p/ escuta e diálogo, estimulados por meio de jogos de socialização, teatrais e estudos sobre o mapa da cidade, na tentativa de elencar geograficamente locais seguros p/ os adolescentes. Por diversas vezes, a equipe promoveu o acolhimento dos usuários LGBTQIAPN+, visto o medo de circular pela cidade. O reconhecimento de equipamentos da cidade, com a criação do Mapa Afetivo, desenvolveu a valorização e reflexão sobre os territórios de residência dos usuários e seus familiares, fortalecendo-os através de recursos apresentados in loco, p/ os projetos de vida e o exercício aos direitos à cidadania. É consolidado o Grupo de Família para escuta, acolhimento, orientações, dúvidas, debates em relação aos filhos LGBTQIAPN+. Os grupos se unem p/ os encontros nos territórios, que acontecem em diversos locais da cidade. No território o grupo ganha força ao somar-se às pessoas interessadas nas discussões pertinentes ao coletivo, através de: rodas de conversa trocas de experiências vividas produção de criações artísticas e criações expressivas atividades de entretenimento exploração dos espaços ampliando a percepção de cidadania, repertório comunicativo e territorial.

Resultados

Após as primeiras estratégias os adolescentes apresentaram melhoras excepcionais. Há o caso da adolescente, que traz sobre a lesbofobia no meio familiar. Com apoio dos profissionais e do grupo, trocando experiências com outras famílias que passaram por dificuldades, a adolescente inicia projetos de vida. Outras adolescentes LGBTQIAPN+ tiveram melhoras, saindo do quadro depressivo e resgatando autonomia. Adolescente “S” de 14 anos, que se entende como menina cis homossexual, relatou que conseguiu se declarar homossexual ao pai, após performance artística do grupo. A adolescente foi acolhida e recebeu o apoio do pai, que também frequentava o grupo. Mãe “T” de uma adolescente trans, traz no grupo que a filha não apresenta mais a grande ansiedade p/ a aquisição de hormônios e que isto se deu a partir da roda de conversa com a enfermeira. Relata que a filha percebeu que é arriscado usar hormônios por conta própria. Hoje, nas discussões em grupo, a mãe assume a fala “nós viemos p/ o tratamento” (sic.), e/ou, “Os passeios é o nosso momento de relaxar” (sic). A mãe “T” diz multiplicar com as demais pessoas da família o que ela “aprende” no grupo, caracterizando a necessidade de que toda a família esteja disponível e em cuidado. Atualmente, o grupo é composto por 21 adolescentes. Os resultados revelam a potência em promover espaços terapêuticos de autonomia e protagonismo às pessoas frente às suas condições de existências no mundo e a importância do apoio prestado às famílias.

Conclusoes

A experiência foi conduzida nas diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da População LGBT e do Modelo de Atenção Psicossocial, a partir da apropriação de tecnologias leves nos territórios afetivos dos usuários LGBTQIAPN+ do CAPS IJ e familiares. O preconceito e estigma vivenciado pelos usuários se intensificam na infância e adolescência, pois são fases de menor escuta e validação social de desejos, que implica muitas vezes em direitos negligenciados e baixo/nenhum estímulo à autonomia. Quando é possível friccionar as barreiras a ponto de romper os estigmas, ficam evidentes os benefícios e a melhora dos usuários. A partir das estratégias descritas, foram observadas mudanças de percepções sobre a sexualidade não cisheteronormativa. Ou seja, os usuários conseguiram expressar novos sentimentos sobre suas identidades e desejos, promovendo a despatologização da vida e percebendo que ser LGBTQIAPN+ não é doença. Esta mudança nas narrativas dos usuários indica que as introjeções objetais (Klein) que inicialmente traziam sofrimento por serem introjeções homofócias, lesbofóbicas e transfóbicas, agora concorrem c/ novas introjeções objetais, promovidas pelas trocas de vivências, que apresentam novas concepções frente às identidades

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