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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 9 - Pedras de Paraúna

Modalidade

1

Temática

1

Estado

São Paulo

Cidade

João Ramalho

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

JOGO VIOLETAS: CONTRIBUIÇÕES PARA ESTRUTURAÇÃO DA REDE DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA EM JOÃO RAMALHO

Apresentação/Introdução:

A violência é a principal responsável pelas mortes por causas externas no Brasil. De 2011 a 2018, houve aumento de 263,2% nas notificações de violências no país e o príncipal aumento foi no sexo feminino (194%). Nos casos da violência contra mulheres e meninas, a falta de preparo profissional para atuar nos serviços de enfrentamento pode levar a um atendimento permeado por atitudes preconceituosas e discriminatórias. Para provocar mudanças nesse cenário, é urgente construir redes de atendimento constituídas por trabalhadoras(es) que estejam preparadas(os) para acolher e oferecer uma escuta qualificada. João Ramalho é um município de pequeno porte com população estimada de 4.577 habitantes. Existe uma rede socioassistencial composta por representantes da assistência social, saúde, educação, Conselho Tutelar e segurança pública. Nesta rede são discutidos casos de pessoas em situação de vulnerabilidade que, em geral, são mulheres, crianças e idosas(os). A partir das reuniões dessa rede e com o aumento das denúncias de casos envolvendo mulheres e meninas em situação de violência, verificou-se a necessidade de se ter no município um serviço específico de combate à violência contra mulheres e que possa ser um articulador das ações de proteção e enfrentamento da violência. Para tanto, buscou-se uma formação inicial na temática para as trabalhadoras da rede intersetorial para que, posteriormente, pudesse ser estruturado um serviço de acolhimento e escuta qualificada.

Objetivos

O objetivo geral é relatar a experiência da utilização do jogo Violetas nas oficinas crítico emancipatórias da etapa formativa do processo de estruturação da rede de enfrentamento da violência contra as mulheres no município de João Ramalho. Os objetivos específicos são: 1) Apresentar as potencialidades e os desafios na utilização do jogo Violetas nas oficinas e 2) Discorrer sobre as contribuições do jogo Violetas no processo de estruturação da rede de enfrentamento da violência contra as mulheres no município de João Ramalho.

Metodologia

Relato de experiência sobre a utilização do jogo Violetas por meio de oficinas de trabalho crítico emancipatórias realizadas para as trabalhadoras dos serviços intersetoriais de João Ramalho. Oficinas crítico emancipatórias são espaços de discussão grupal, utilizando práticas pedagógicas que incentivem relações horizontais para que novos saberes sejam construídos de forma coletiva. Foram realizadas 4 oficinas entre os dias 17 e 20 de outubro de 2022, conduzidas por uma especialista e pesquisadora da área de violência de gênero. As oficinas tinham como finalidade preparar as trabalhadoras envolvidas para constituição de um serviço de enfrentamento da violência contra a mulher no município. Violetas é um jogo de tabuleiro, portanto faz uso da ludicidade, e ambienta um cenário de ações para cidadania e combate à violência. Há quatro personagens que se articulam para tentar vencer a violência que se espalha pelas cidades: educadora, pesquisadora, operadora de direito, integrante de políticas pública/profissional de saúde e cidadã do movimento de mulheres. Essas personagens precisam responder perguntas que são baseadas em cenas de filmes potentes para discutir a temática sobre violência contra mulheres e desigualdade de gênero. As jogadoras precisam cercar as peças da violência com peças de cidadania para conquistarem quatro tokens e vencerem a partida. No jogo (e na vida) ou todas ganham ou todas perdem se não conseguirem trabalhar em rede e a violência se espalhar no território.

Resultados

Participaram das oficinas 14 profissionais : 5 conselheiras tutelares, 4 assistentes sociais, 2 psicólogas, 2 enfermeiras e 1 advogada. Uma pós doutora com experiência nos temas de violência de gênero, saúde coletiva e políticas públicas foi a facilitadora das oficinas, sendo a comunicação por videochamada por ela morar em outro país. No primeiro dia, foram apresentadas as participantes e facilitadora. Explicou-se sobre o jogo e seus objetivos. O grupo foi subdividido e utilizou-se dois tabuleiro. No segundo dia, foram compartilhados os sentimentos e emoções geradas ao jogar Violetas. No terceiro, foi feita uma construção grupal de projetos interventivos. No quarto dia, o ciclo de oficinas foi encerrado com apresentação das ações elaboradas e abordando aspectos teóricos do tema violência de gênero. No início, as participantes ficaram apreensivas, porque nunca haviam jogado Violetas, mas com o andamento da partida, foram dominando as regras e avançando cada vez mais nas discussões que iam sendo geradas. A ambientação proporcionada pelo tabuleiro e pelas perguntas foi envolvendo as jogadoras e aumentando o interesse em acertar as respostas e vencer o jogo contra a violência. O jogo contribuiu significativamente para instigar e aprofundar o debate sobre o tema da violência de gênero e apontar a importância de um trabalho articulado em rede, mostrando-se potente para ser utilizado com profissionais que já atuam ou atuarão em serviços de enfrentamento da violência contra mulheres.

Conclusoes

Superar o senso comum acerca da violência de gênero ainda tão presente na sociedade e até mesmo entre profissionais que atuam nos serviços de enfrentamento da violência e acolhida de pessoas em situação de violência, é um desafio na rede de atenção dos municípios. Estruturar serviços voltados para combater a violência nos territórios precisa, necessariamente, contemplar etapas de formação que abordem questões sobre violência de gênero e desigualdades entre mulheres e homens. Dentre as facilidades encontradas nesta etapa inicial de estruturação da rede, estão a disposição e o interesse demonstrados pelas profissionais da rede intersetorial em participar das oficinas e das discussões. As dificuldades foram relacionadas ao desconhecimento inicial do jogo pelas participantes, mas ao se jogar, tais dificuldades foram superadas. Estratégias que tenham uma visão de empoderamento e emancipação das mulheres são caminhos para que a violência seja efetivamente combatida, e o jogo Violetas se mostrou como uma ferramenta educativa potente para formação e estruturação de uma rede de enfrentamento.

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