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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 1 - Lago dos Tigres

Modalidade

1

Temática

1

Estado

São Paulo

Cidade

Campinas

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

CUIDADO COM AS GESTANTES, PUÉRPERAS E BEBÊS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Apresentação/Introdução:

A Casa da Gestante, Puérperas e Bebês- CGPB, do município de Campinas, foi inaugurada em 15 de dezembro de 2015, a partir de discussões entre técnicos da Secretaria Municipal de Saúde e a Maternidade de Campinas que observaram um aumento na separação do binômio mãe-bebê, com a consequente necessidade de acolhimento dos bebês. A proposta foi de acolher gestantes, puérperas e seus bebês em situação de rua e uso de substâncias psicoativas. Tendo vistas a Nota Técnica Conjunta n° 001 – SAS e SGEP, do Ministério da Saúde, onde lê-se sobre as diretrizes e fluxograma para atenção integral à saúde das mulheres e das adolescentes em situação de rua e/ou usuárias de crack e outras drogas e seus filhos recém-nascidos. Sabendo então que separação precoce das crianças de suas mães sem o devido acompanhamento antes, durante e após o nascimento violam direitos básicos como o direito ao convívio familiar e que inúmeras são as barreiras de acesso aos serviços de saúde enfrentados por essas mulheres. Não localizamos no contexto nacional, política pública instituída que propicie tal prática. A CGPB vem desenvolvendo, junto a representantes do poder municipal, estratégias próprias para o cuidado do público-alvo em questão, reformulando suas práticas, propondo modelo e reavaliando sua inserção na rede municipal de saúde.

Objetivos

Estabelecer e desenvolver, em regime de cooperação mútua entre a Prefeitura Municipal de Campinas e o Instituto Padre Haroldo, a manutenção do Projeto Casa da Gestante, Puérperas e Bebês, no âmbito do Sistema Único de Saúde, visando o acolhimento em regime residencial de mulheres acima de 18 anos, gestantes ou no puerpério (até 45 dias pós parto) ou mulheres com bebês até 6 meses de vida, bem como seus outros filhos de até 8 anos, em situação de alta vulnerabilidade e risco em saúde, incluindo o uso de substâncias psicoativas, que necessitam de proteção social, garantia do direito ao convívio familiar e cuidado integral em saúde.

Metodologia

Considerando sua finalidade de Entidade Filantrópica, a entidade possui, em sua unidade filial, a Casa da Gestante, 20 vagas conveniadas com a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas para acolhimento em regime residencial de mulheres, bebês e crianças. Essas vagas são reguladas pela Coordenadoria Setorial de Regulação e Acesso. O processo de cuidado baseia-se na construção de Projetos Terapêuticos Singulares, elaborados e desenvolvidos em reunião de equipe, com participação das mulheres e crianças, tendo como direcionamento, diretrizes propostas pelo SUS, a saber: diagnóstico situacional, definição de metas, divisão de responsabilidades e, por fim, a reavaliação sistemática de cada projeto construído. Para cada diretriz, são elaborados eixos de cuidado para as mulheres e crianças, a saber: saúde biopsicossocial, moradia, recurso financeiro, relação mãe/bebê, trabalho/estudo, reaproximação com rede social e familiar e, para cada eixo, são desenvolvidas estratégias específicas, a partir de cada núcleo profissional. Antes da alta da CGPB e com um tempo oportuno, a família deve ser inserida nos serviços do território, como saúde, assistência social, educação e outros, a fim de viabilizar o acompanhamento e manter o cuidado proposto junto ao PTS elaborado na CGPB, configurando uma alta responsabilizada e com transferência do cuidado. Para alcançar essa alta responsabilizada, a CGPB conta ainda com uma modalidade ambulatorial de atendimento, por um período de 06 meses.

Resultados

Até dezembro de 2022, 210 pessoas, entre mulheres e crianças, foram atendidas na Casa. O trabalho acontece em rede, e as mulheres que chegam à casa são encaminhadas pelos CSs, CAPS, Consultórios na Rua e Maternidades do Município. É possível observar a partir de dados disponíveis no Tabnet – Datasus que o município de Campinas vem apresentando nos últimos anos taxas de mortalidade infantil inferiores a taxa observada no Estado de São Paulo e país, comparável inclusive a taxas observadas em países desenvolvidos. Tal cenário justifica-se pela ampla rede de atenção integral a saúde da criança do município, composta pela atenção básica a saúde assistência ambulatorial, hospitalar e de urgência e emergência bem como, a incorporação da Casa de Gestante, Puérperas e Bebês (CGPB) em 2016. A partir do ano de 2014, os fluxos pensados para evitar o acolhimento de recém nascidos e a existência de três serviços de acolhimento, entre eles a CGPB, refletiu nos números de recém nascidos que receberam medida de proteção de acolhimento, sendo separados de suas genitoras, diminuiu gradativamente conforme dados abaixo apresentados: 2014 – 18 RN acolhidos 2015 - 18 RN acolhidos 2016 – 5 RN acolhidos 2017 – 8 RN acolhidos 2018 - 2 RN acolhidos 2019 – 5 RN acolhidos 2020 – 4 RN acolhidos 2021 - 4 RN acolhidos 2022 - 5 RN acolhidos (desses 2 são gêmeos)

Conclusoes

Os dados apresentados demonstram que a existência de um serviço como a CGPB compondo a rede do município causa impacto positivo na assistência. A SMS busca o desenvolvimento de ações que proporcionem a integralidade e intersetorialidade da assistência, tão essenciais para o êxito das ações de saúde, em especial ao público alvo citado, com altíssima vulnerabilidade social. Para finalizar, gostaríamos de relatar que tudo começou a partir de um parto realizado por um agente de segurança, em uma importante avenida de nossa cidade, e em uma mulher conhecida pelo sistema de saúde, mas que não havia tido oportunidade de ser adequadamente preparada para o momento do parto. A partir deste fato, “romanceado” pela sociedade, foi possível criar uma solução adequada aos direitos humanos das mães e dos bebes. Esta experiência pode e deve ser replicada em outros municípios, dentro do SUS.

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