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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 13 - Sertaneja

Modalidade

1

Temática

1

Estado

São Paulo

Cidade

São José do Rio Preto

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

RACIONALIZAÇÃO DO USO PROFILÁTICO DE ANTICOAGULANTES INJETÁVEIS NA PANDEMIA E NO PÓS-COVID

Apresentação/Introdução:

Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil tomava conhecimento do primeiro caso de Covid-19 identificado no país. No fim daquele ano, o território brasileiro já apresentava uma média de 7 dias de mais de 42.000 (quarenta e dois mil) novos casos diários e entidades e especialistas já alertavam para o desabastecimento de heparina no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), o preço do frasco de 5 mL teria passado de R$ 7 para R$ 23. Em São José do Rio Preto, em meados de julho de 2020, a Santa Casa de Misericórdia atingia 100% de ocupação dos leitos de enfermaria e UTI e algumas Unidades de Pronto Atendimento eram aparelhadas para atender pacientes de gravidade alta a moderada que exigiam períodos prolongados de internação ou até intubação. Pacientes em longos períodos de inatividade estão suscetíveis ao desenvolvimento de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar, devido à estase venosa, recomendando-se o uso de anticoagulantes injetáveis durante o período da internação. Com a falta dessa classe de medicamento no mercado paralela à necessidade de garantia da assistência a pacientes com COVID-19, enquanto outras demandas de saúde também pressionavam o estoque municipal de anticoagulantes injetáveis, a Secretaria Municipal de São José do Rio Preto viu a necessidade de adotar critérios fundamentados na medicina baseada em evidências para a dispensação de anticoagulantes, mediante avaliação prévia por equipe multidiscipl

Objetivos

A necessidade de uma avaliação prévia dos pedidos de anticoagulantes injetáveis pela Secretaria Municipal de Saúde surgiu do risco de desassistência dos pacientes em tratamento da COVID-19 e daqueles com outras queixas, mas com médio/alto risco de desenvolvimento de doenças tromboembólicas, os quais, na ótica da gestão, deveriam ser priorizados em relação às demandas de anticoagulantes de baixo risco. Além disso, com a normalização do cenário da saúde nacional, a pasta identificou que os números anteriores de consumo dos anticoagulantes injetáveis estavam vinculados ao uso irracional desses medicamentos, por vezes vinculados a condutas que não observavam as constatações da medicina baseada em evidências. O objetivo atual da Secretaria Municipal de Saúde consiste em definir e adotar critérios de dispensação de anticoagulantes injetáveis para pacientes com médio e alto risco para eventos tromboembólicos pautados pela medicina baseada em evidências.

Metodologia

Primeiramente, definiu-se o Orienta SUS para receber e protocolar as solicitações de anticoagulantes injetáveis, pois este é o serviço, instituído há dois anos, que realiza a mediação do acesso do usuário às ações e políticas públicas de saúde do SUS. O pedido e o parecer final são registrados, pelo Orienta SUS, no prontuário eletrônico do paciente. Acordou-se a necessidade de o usuário apresentar: receituário médico, documento de identidade, comprovante de endereço e justificativa médica para o uso do anticoagulante injetável. Inicialmente, os casos eram discutidos em várias reuniões ao longo da semana, por se tratar de medida adotada em caráter de urgência. Com a uniformização do consenso ao longo das discussões e o estabelecimento dos casos de alto risco que demandariam o atendimento imediato, apenas aqueles de médio e baixo risco passaram a ser incluídos nas pautas dos encontros da equipe multidisciplinar (com destaque para os membros médicos, enfermeiros e farmacêuticos), ocorridas, agora, com maior intervalo de tempo, devido também à adequação da conduta dos profissionais prescritores, formuladas com maior criteriosidade quanto ao uso dos anticoagulantes injetáveis. Quanto à devolutiva ao usuário, o contato é realizado por telefone ou e-mail, com instruções para entrega do medicamento pela Farmácia Municipal ou justificativas para negativa do fornecimento.

Resultados

Além da garantia de assistência aos pacientes internados em leitos de COVID-19 e àqueles com queixas de médio/alto risco para tromboembolismo venoso e/ou tromboembolismo pulmonar, alcançou-se a racionalização do uso de anticoagulantes injetáveis pela população rio-pretense, concentrando-se em pacientes com presença cumulativa de fatores de risco para o desenvolvimento de eventos tromboembólicos: idade maior que 60 anos, imobilidade por restrição ao leito, câncer em tratamento ou tratado nos últimos 06 meses, doença inflamatória intestinal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica grave, insuficiência cardíaca classe funcional III ou IV, trombose venosa nos últimos 02 anos, trombofilias e/ou gravidez/pós-parto - no caso de gestantes e puérperas, observa-se os fatores de risco elencados pelo Royal College de Obstetrícia e Ginecologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, respectivamente). Em média, 50% (cinquenta por cento) das solicitações de anticoagulantes injetáveis se enquadram nos casos de médio/alto risco, enquanto as demais se subdividem entre casos de baixo risco ou que necessitam de complementação de informações para o seguimento. Do ponto de vista econômico, verificou-se uma queda considerável no consumo médio mensal (CMM), quando comparados os anos de 2021 e 2022, sendo de 11.350 ampolas e 2.550 ampolas, respectivamente.

Conclusoes

O enfrentamento da pandemia da COVID-19 impôs aos gestores do SUS a necessidade de gerir recursos financeiros e materiais em um cenário de emergência pública internacional no qual a demanda desses recursos, dia após dia, tornava-se cada vez mais crescente. No caso dos anticoagulantes injetáveis, a necessidade de garantir o acesso aos pacientes internados em leitos COVID-19 ou com outras queixas, mas com risco médio/alto para eventos tromboembólicos, obrigou à atuação conjunta de gestores e técnicos para estabelecer critérios científicos para a priorização do atendimento. A intervenção realizada não só garantiu o tratamento (e até a sobrevida) de pacientes internados em virtude do coronavírus e outros com risco para TEV/TEP, assim como colaborou para a racionalização do uso de anticoagulantes injetáveis. O consumo médio mensal verificado anteriormente era quatro vezes maior do que o atual. Além disso, o fluxo administrativo estabelecido para a recepção, avaliação e devolutiva ao usuário, possibilitou o atendimento do pedido em tempo hábil. A iniciativa garantiu a oferta racional dos anticoagulantes aos seus munícipes e uma melhor alocação de recursos financeiros durante o agravamento da pandemia da COVID-19 e no pós-pandemia.

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