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inscrito na 18ª Mostra Brasil Aqui Tem SUS

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Dados do Projeto

Sala de Apresentação

Sala 14 - Bandeira

Modalidade

1

Temática

Estado

Paraíba

Cidade

Cajazeiras

Descrição da experiência - resumo do projeto

Título Experiência:

ESCALDA-PÉS E A HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS NA ESF: CAMINHOS PARA O FORTALECIMENTO DO CUIDADO

Apresentação/Introdução:

O uso de mecanismos naturais como as plantas medicinais e a fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) encontra respaldo na portaria das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) do ano de 2006. No contexto das comunidades, o uso de plantas medicinais está enraizado em uma rede de colaboração ancestral, em que os saberes populares se somam e carregam consigo o endereçamento do suporte diante das fragilidades do adoecimento. O campo de atuação dessa experiência se dá na Unidade de Saúde da Família (USF) Francisco Alves (Mutirão I), localizada na transição entre o campo, cidade e favelas onde convive-se com uma realidade que abraça o saber nas ervas que curam, somada a agricultura familiar, assim como convivem com adoecimentos a exemplo dos transtornos de humor, Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes. Logo, é importante sinalizar que com a colaboração de tantas culturas, outros costumes foram sendo disseminados e com isso, a população aproximou-se da possibilidade de relaxamento ou mesmo alívio do sofrimento através do escalda-pés.

Objetivos

Buscar por meio do Escalda-pés, o cuidado minimamente integral em saúde, tendo em vista avaliação dos membros inferiores (MMII) de pacientes com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT?) - a exemplo do Diabetes - e produzir um espaço de diálogo e relaxamento visando fortalecimento de vínculos, pautados no saber popular. Assim como, fortalecer o espaço da Horta de Plantas Medicinais e seu suporte diante da colaboração comunitária na UFS Mutirão I.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência sobre a implantação do escalda-pés e horta de plantas medicinais na USF Mutirão I, localizada em região periférica e de alta vulnerabilidade socioeconômica de Cajazeiras-PB. O processo de trabalho construiu-se em três etapas principais: Inicialmente em 2021 o médico residente a fim de entender melhor o território de sua atuação reuniu-se com a equipe e percebeu-se que naquele setor havia um alto consumo de medicações de controle especial. Também havia outra preocupação: Abandonos a tratamentos crônicos resultando em descompensações. Situações estas que a pandemia pela COVID-19 foi desenhando. Após esse diagnóstico construído coletivamente, veio a necessidade de definir estratégias que pudessem fortalecer o vínculo entre os usuários e os profissionais, e escolheu-se escalda-pés para ser instituído. Sem grandes gastos financeiros e reconhecendo a potencialidade da equipe e do próprio espaço da unidade (sombra de uma mangueira) iniciou-se a experiência. O escalda-pés é realizado mensalmente e tem o propósito de captar pacientes, reforçar a importância do seguimento terapêutico e cuidados com os pés tudo isso, guiados pelo som de músicas e essência de ervas cultivadas pela própria comunidade. A terceira etapa, aconteceu naturalmente quando os profissionais começaram a construir canteiros, de garrafas plásticas, com plantas medicinais trazidas pela própria comunidade, sensibilizada pelos chás e ervas que são utilizadas no escalda-pés.

Resultados

O processo grupal foi conduzido de forma participativa e solidária, entendendo que existe uma variedade de recursos terapêuticos nas malhas da comunidade, agora a população consegue visualizar a ESF não apenas como espaço de renovação de receitas, busca de encaminhamentos ou agudização clínica. Construiu-se assim uma rede de apoio em saúde, que se estende para além da oferta de serviços num território geográfico, percebendo o Itinerário Terapêutico como um encontro entre diferentes serviços, especialidades e saberes. É nesse ponto dos saberes que se exercita a interprofissionalidade, aí se incluindo o saber popular, requerendo escuta e acolhida, facilitando a permuta de conhecimentos em vista de uma saúde integral e minimamente humilde a ponto de reconhecer que a assistência se produz também em outros campos, muitas vezes isentos da formalidade institucional. A experiência assim construída permite a realização de um escalda-pés, guiado de forma interprofissional, que permite a avaliação dos MMII e massagem relaxante dos pés, sendo colocada música escolhida por cada participante e junto da água morna, utiliza-se chá de camomila, alecrim e mais recente um esfoliante de maracujá desenvolvido por uma Agente Comunitário de Saúde. Na medida que as pessoas se vinculavam com espaço de cuidado, foram trazendo ervas medicinais e com isso elaboração de um canteiro que conta com plantas medicinais típicas da região e com seu valor cultural da localidade.

Conclusoes

Através dessa experiência foi possível constatar a importância de reuniões mensais em equipe para avaliação coletiva de situações de saúde-doença em um território e o estabelecimento de cuidados estratégicos como os das PICS que permitem mudanças favoráveis, muitas vezes de baixo custo financeiro. O envolvimento de todos os profissionais permitiu um fortalecimento do trabalho em equipe, o que resulta em um cuidado universal, integral, resolutivo, equinâmine e centrado na pessoa. Além disso, por valorizar o saber popular e sua importância no contexto de cuidado houve uma melhor adesão aos tratamentos farmacológicos traçados, diminuindo os episódios de agudizações de DCNT, por exemplo. Esta equipe também é uma das que menos fazem atualmente utilização de receitas tipo B, fato que também pode estar associado ao escalda-pés do cuidado.

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